O governo da Nicarágua dissolveu, nesta terça-feira, os Comitês de Defesa Sandinista, organizações de vigilância regionais, criadas depois da revolução de 1979, que perderam força nas últimas décadas.
O Comitê de Defesa Sandinista (CDS), com personalidade jurídica desde 1990, pediu sua própria dissolução "por não contar com fundos suficientes", indicou o Ministério do Interior em uma resolução publicada no La Gaceta, o Diário Oficial do país.
A organização era a sucessora do CDS criado durante o governo revolucionário sandinista (1979-1990) para trabalhos de vigilância nos bairros e territórios, em momentos em que os Estados Unidos apoiavam os rebeldes armados "contras" que visavam derrubar o Sandinismo.
Os CDS da Nicarágua eram similares aos Comitês de Defesa da Revolução (CDR) criados em 1960, em Cuba, por Fidel Castro, depois da revolução de 1959.
Após o presidente Daniel Ortega retornar ao poder em 2007, o governo da Nicarágua criou os Conselhos do Poder Cidadão, com a mesma lógica de vigilância, segundo os opositores.
Também pediu voluntariamente o fim da Associação "Nicaraguense" da Amizade com a República Popular da China e seu Povo, criada em 2006, assim como três entidades cristãs, segundo o La Gaceta.
Milhares de ONGs foram fechadas na Nicarágua depois dos protestos de 2018 contra o governo de Ortega, que em três meses de bloqueios de rotas e choques entre opositores e oficiais, deixou mais de 300 mortos, segundo a ONU.
O governo, que considerou os protestos como uma tentativa de golpe de Estado promovido por Washington, afirmou que algumas ONGs financiaram o ato, e endureceu as leis que regulam as organizações.
A oposição assegurou que foram fechadas 3.494 ONGs e 29 universidades até abril.
O Ministério do Interior disse que, nesta terça-feira, outras 10 ONGs, entre elas seis entidades católicas e evangélicas, foram fechadas por "descumprimentos" em seus relatórios financeiros, e seus bens passaram para o Estado, de acordo com a lei.
Entre as 10 entidades fechadas estão a Associação de Fazendeiros de Boaco e a Federação de Câmaras de Exportadores da Nicarágua.
* AFP