O carismático líder curdo Selahattin Demirtas foi condenado a 42 anos de prisão nesta quinta-feira (16) por atentar contra a unidade do Estado durante um surto de violência na Turquia em 2014, segundo a imprensa.
O ex-copresidente do HDP, principal partido curdo do país (agora DEM), está preso desde novembro de 2016, e seu caso já havia sido denunciado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH).
O outro ex-copresidente do HDP, Figen Yuksekdag, foi condenado a 30 anos e três meses de prisão.
Demirtas, de 51 anos, foi processado por 47 acusações, entre elas atentado contra a unidade do Estado e a integridade territorial, e incitação para cometer um crime.
A maioria dos 108 acusados neste julgamento gigantesco foi condenada e apenas alguns foram absolvidos.
A audiência no Tribunal de Sincan, nos arredores de Ancara, foi realizada à revelia dos acusados, que estão em prisão preventiva.
Os promotores pediram prisão perpétua para 36 réus, incluindo Demirtas.
As violentas manifestações de outubro de 2014, nas quais 37 pessoas morreram, começaram após um apelo do HDP contra a recusa do governo de Ancara em intervir para impedir que a cidade fronteiriça curdo-síria de Kobanî caísse nas mãos dos jihadistas do grupo Estado Islâmico.
Demirtas concorreu à Presidência turca contra o presidente Recep Tayyip Erdogan em 2014 e em 2018, enquanto estava na prisão.
Após sua condenação em 2018 a quatro anos e oito meses por "propaganda terrorista", o TEDH pediu a Ancara que o libertasse "o mais rápido possível", apontando que sua prisão tinha como objetivo "sufocar o pluralismo" político.
* AFP