O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chamou, na segunda-feira (1º), de "golpe antidemocrático" a inabilitação de María Corina Machado como candidata da oposição nas eleições da Venezuela, em uma crítica inédita ao governo aliado de Nicolás Maduro.
— A senhora María Corina e outros foram previamente inabilitados para participar de campanhas eleitorais pelas autoridades administrativas (...) aqui, como uma espécie de moral dupla, atacamos o que eles fazem lá porque é, sem dúvida, um golpe antidemocrático, mas ocultamos que aqui também se faz — disse o presidente de esquerda.
Ao contrário dos Estados Unidos e de alguns governos latino-americanos, o presidente colombiano manteve uma certa distância das eleições de 28 de julho na Venezuela, nas quais Maduro tentará o terceiro mandato. Nos últimos dias, o governo Petro endureceu o discurso com alguns comunicados do Ministério das Relações Exteriores em que expressa "preocupação" com a situação do país vizinho.
— Foi a forma de fechar o caminho, sem dúvida, a uma corrente política real, existente na Venezuela, o povo determinará se é majoritária ou não — acrescentou o presidente.
A Venezuela se prepara para eleições marcadas pela inabilitação política e pela ofensiva judicial contra a principal rival de Maduro, a opositora Machado. Vários de seus colaboradores foram detidos e sua substituta na disputa eleitoral, Corina Yoris, de 80 anos, foi excluída das eleições após denúncias de bloqueios do sistema do registro de candidaturas.
Petro, aliado de Maduro, foi criticado por não endurecer sua posição em relação à Venezuela e acusado de ser cúmplice em uma possível tentativa do governo de perpetuar-se no poder.
Maduro classificou na segunda-feira de "circo" a preocupação expressa por vários governos após a exclusão de Corina Yoris, apoiada pelo maior bloco opositor do país.
— Começou o circo, começou a campanha, há nervosismo em Washington, há nervosismo nos sobrenomes da oligarquia, há nervosismo na direita regional, deixem de ser nervosos — disse o presidente durante um de seus programas semanais de televisão.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos e outros países como Argentina, além de Colômbia e Brasil, considerados aliados de Maduro, criticaram a exclusão de Yoris, indicada pela liberal Machado para substituí-la nas eleições.
Durante o processo de inscrição, encerrado à meia-noite de 25 de março, 13 candidatos se inscreveram, mas nove foram rejeitados pela oposição tradicional por serem considerados "colaboracionistas" do governo.