O governo do Haiti prorrogou por um mês, nesta quinta-feira (7), o estado de exceção no departamento a que pertence a capital, Porto Príncipe, abalada pela violência de gangues.
A medida, publicada no Diário Oficial do pequeno país caribenho, foi confirmada à AFP por uma fonte do governo, que especificou que "o toque de recolher será aplicado de acordo com as necessidades" das autoridades.
Gangues armadas controlam grande parte de Porto Príncipe e estão engajadas em uma luta violenta contra a administração do primeiro-ministro Ariel Henry, cuja renúncia exigem.
Na noite de quarta-feira, essas gangues atearam fogo em um novo posto policial, provando mais uma vez que não têm intenção de parar com a espiral de violência.
A subestação policial atacada fica em Bas-Peu-de-Chose, em um bairro de Porto Príncipe que é frequentemente atacado por gangues, disse à AFP Lionel Lazarre, coordenador-geral do sindicato da polícia haitiana, Synapoha.
Os policiais do posto tiveram tempo de deixar o prédio antes do ataque, disse ele, acrescentando que a investida havia sido planejada desde o último fim de semana.
As gangues também incendiaram uma viatura policial e várias motocicletas.
Pouco antes desse último ataque, o Conselho de Segurança da ONU expressou sua preocupação com a situação "crítica" no Haiti.
As gangues têm atacado locais estratégicos do país há dias, incluindo várias delegacias de polícia.
Um influente líder de gangue, Jimmy Chérizier, advertiu na terça-feira que, se o primeiro-ministro Henry não renunciasse, o país se encaminharia para uma guerra civil.
"Ou o Haiti se torna um paraíso para todos ou um inferno para todos", declarou o ex-policial de 46 anos, apelidado de "Barbecue".
De acordo com uma contagem da Synapoha, desde que os ataques coordenados das gangues começaram, 10 prédios da polícia foram destruídos e duas prisões civis foram atacadas e seus detentos, libertados.
Com as autoridades e as escolas fechadas, muitos moradores estão tentando fugir da violência com seus poucos pertences debaixo dos braços, enquanto outros se aventuram apenas para comprar itens essenciais.
* AFP