A empresa de comunicação Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), empregadora da jornalista russo-americana Alsu Kurmasheva, detida na Rússia, denunciou nesta terça-feira (12) novas acusações contra sua funcionária, uma informação publicada pela imprensa russa.
A jornalista é acusada de divulgar "informações falsas" sobre o Exército russo, segundo os meios Baza e Tatar Inform, um crime castigado com pena de prisão.
As novas acusações apontam para sua suposta participação na publicação, no ano passado, do livro "Dizer não à guerra, 40 histórias de russos opositores à invasão russa da Ucrânia" (em tradução livre).
Kurmasheva está presa desde outubro por outro caso no qual é acusada de violar a lei sobre agentes estrangeiros.
Muitos anônimos, jornalistas, opositores e ativistas são processados por este motivo na Rússia, onde as autoridades lideram uma campanha de repressão contra vozes críticas à invasão da Ucrânia.
"Condenamos veementemente a decisão das autoridades russas de, aparentemente, iniciar ações adicionais contra Alsu", declarou Jeffrey Gedmin, presidente interino da RFE/RL, empresa financiada pelos Estados Unidos, com sede em Praga (República Checa).
"O jornalismo não é um crime. É hora desta cruel perseguição acabar", afirmou.
Alsu Kurmasheva foi presa por não se registrar como "agente estrangeiro". Esta classificação, que lembra a soviética "inimigo do povo", impõe às pessoas ou entidades em questão uma série de obrigações administrativas e um rígido controle financeiro.
Sua prisão por este caso expira em 5 de fevereiro, mas pode ser prorrogada.
A jornalista, que mora em Praga com seu marido e duas filhas adolescentes, viajou à Rússia por uma "urgência familiar" em 20 de maio, mas não conseguiu sair porque seus passaportes americano e russo foram confiscados.
Em março, o jornalista do Wall Street Journal Evan Gershkovich, também de nacionalidade americana, foi detido na Rússia.
Gershkovich é acusado de espionagem, crime punido com 20 anos de prisão.
* AFP