Um dos 32 resgatados da Faixa de Gaza, Mahmoud Abuhaloub, 40 anos, chegou ao Brasil na expectativa de reencontrar o filho e viver dias de paz no Rio Grande do Sul. As últimas semanas foram de angústia e medo. A apreensão continua porque muitos de seus parentes permaneceram na região, que é o centro da guerra entre Israel e o Hamas.
Na repatriação mais delicada e tensa desde o início do conflito, as autoridades brasileiras conseguiram trazer 32 brasileiros e palestinos que solicitaram ajuda. O voo pousou na capital federal às 23h24min. Um dos primeiros a desembarcar, Mahmoud cumprimentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe, depois se recolheu em uma área em que os passageiros foram acolhidos.
Em rápida entrevista a GZH, disse que sua prioridade é ver o filho de nove anos, que mora em Campo Bom, no Vale do Sinos.
— Minha lembrança no Rio Grande do Sul é de que eu amo a vida lá porque é um lugar mais calmo. Mas o mais importante é o meu filho, eu quero ver ele — afirmou.
Mahmoud deve permanecer em Brasília por mais dois dias para realização de exames e acompanhamento psicológico, além de imunização e eventual regularização de documentos. Depois, será conduzido em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) ao Estado.
A ida ao Oriente Médio ocorreu em 2020 por necessidade de auxiliar nos cuidados da mãe, que adoeceu. Desde que a guerra iniciou, ele buscou formas de deixar a região.
— Olha, estava muito horrível, muito medo. A guerra não é normal. Sem humanidade, eles não respeitam a lei internacional, eles atacam civis, não têm respeito para ninguém. Atacam mulheres, crianças. Na real, o medo sempre estava conosco — relatou.
Apesar do cansaço da longa viagem e da demora na liberação para cruzarem a fronteira, Mahmoud disse que as autoridades brasileiras "trabalharam muito" para viabilizar a saída, e elogiou a atuação do governo.
— Mas ainda nossos sentimentos estão lá porque nós temos famílias lá — lamentou.
O futuro em solo brasileiro deverá se desenrolar em Novo Hamburgo, onde ele já morou, ou em Porto Alegre.
O grupo que desembarcou, nesta segunda-feira (13), em Brasília é formado por seis homens, nove mulheres e 17 crianças — três delas precisaram de atendimento médico por apresentarem sinais de desnutrição e problemas respiratórios.
Além de Mahmoud, que viajará para o Rio Grande do Sul, duas pessoas irão para Florianópolis, uma para Cuiabá e 24 para São Paulo, além de outras quatro que permanecerão em Brasília.