O rei Charles III afirmou, nesta terça-feira (31), durante uma visita ao Quênia, que não há "desculpas" possíveis para as atrocidades cometidas na época colonial pelo império britânico, mas não pediu perdão, como exigiam algumas vozes neste país do leste da África.
"Houve abjetos e injustificáveis atos de violência contra quenianos enquanto travavam (...) uma dura batalha pela independência e soberania. E para isso não pode haver desculpas" possíveis, declarou o monarca durante um jantar de Estado oferecido pelo presidente do Quênia, William Ruto.
A visita de Charles, de 74 anos, e da rainha Camilla teve início nesta terça-feira e é sua primeira como rei a um país do Commonwealth (Comunidade das Nações). A viagem acontece antes de o Quênia comemorar em dezembro o 60º aniversário de sua independência da coroa britânia.
Entre 1952 e 1960, mais de 10 mil pessoas foram mortas durante a revolta dos Mau-Mau contra o poder colonial, uma das repressões mais sangrentas do império britânico.
"Nada disso pode mudar o passado, mas encarando nossa história com honestidade e abertura, talvez possamos mostrar a fortaleza de nossa amizade atual, e fazendo isso, espero que possamos continuar construindo um vínculo cada vez mais estreito nos próximos anos", concluiu o rei.
No domingo, a ONG Comissão de Direitos Humanos do Quênia (KHRC, sigla em inglês) instou Charles "a pedir desculpas públicas incondicionais e inequívocas (...) pelo tratamento brutal e desumano infligido aos cidadãos quenianos durante todo o período colonial", entre 1895 e 1963.
A KHRC também pediu compensações "por todas as atrocidades cometidas contra os diferentes grupos do país".
* AFP