Portadores de passaportes estrangeiros têm relatado dificuldades para sair da Faixa de Gaza, local alvo de uma ofensiva de Israel contra o grupo terrorista Hamas. Segundo a AFP, neste domingo (15), um grupo de 30 pessoas esperava nas proximidades do posto de Rafah, na fronteira com o Egito.
Segundo fontes citadas pelos meios de comunicação, ninguém poderá cruzar a fronteira até que se permita a entrada de ajuda humanitária internacional em Gaza, que se acumula no Sinai egípcio. O governo do Egito alega que o local não pode servir "somente" para a saída dos estrangeiros.
Há poucos dias no local para ver a família, Ibrahim al-Qarnaoui disse esperar que seu passaporte suíço o ajude a sair do território. Ele relatou que a embaixada suíça em Israel o havia aconselhado a sair do enclave pelo posto de Rafah, única saída de Gaza que não está sob controle israelense.
— O posto fronteiriço não está aberto — resumiu Qarnaoui, que disse preferir não retornar à casa de sua família no campo de refugiados de Bureij, situado mais ao norte, enquanto os bombardeios continuarem.
Um responsável dos Estados Unidos anunciou um acordo com Egito e Israel para abrir a passagem por algumas horas para que os cidadãos americanos pudessem sair. Os demais estrangeiros e pessoas com nacionalidade deverão esperar. O Brasil divulgou que 28 brasileiros estão aguardando para sair do local, entre eles, 14 crianças.
Said al-Hasi, por sua vez, tenta voltar à Suécia, de onde partiu há três semanas para visitar a família em Rafah.
— Nossa casa fica a leste da cidade, nós partimos para o oeste, uma área mais afastada de Israel e seu exército — contou à AFP.
Ele acrescenta que pode utilizar o passaporte sueco em "países onde há paz", porém, em Gaza, no momento, a situação é distinta:
— Um passaporte não vale nada frente aos bombardeios e à guerra — constata.
Rafah, por ora, permanece fechada pelo lado egípcio.
A passagem de Rafah
Desde 2007, a passagem de fronteira de Rafah é controlada pelo Egito, em um acordo firmado com Israel. A entrada de suprimentos por lá só é permitida com o aval do governo israelense. É pelo posto de fronteira que os palestinos podem ter acesso a outros países, desde que consigam permissão para tal.
Nos anos de 2008, 2014 e 2021, o Egito fechou a passagem de Rafah durante bombardeios israelenses, atitude que se repete neste momento. O secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken afirmou que o corredor será reaberto para ajuda humanitária, já que Gaza sofre com a falta de comida, água e combustível, mas o governo egípcio reluta em permitir a saída apenas de cidadãos estrangeiros.
Segundo o jornal britânico Guardian, o governo egípcio teme que uma autorização indiscriminada para palestinos saírem de Gaza rumo ao norte do Sinai provoque uma migração em massa dos 2 milhões de habitantes da faixa. O presidente, Abdel-Fatah al-Sisi, disse na semana passada que um assentamento permanente dos palestinos poderá levar Israel a controlar permanentemente a Faixa de Gaza.
- O Egito não vai permitir a liquidação da questão palestina às custas de outrem. Não haverá leniência nem desperdício da segurança nacional egípcia sob qualquer circunstância - disse Sisi.