A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que Gaza enfrenta uma catástrofe iminente, pois "restam 24 horas de água, eletricidade e combustível". Segundo Ahmed Al Mandhari, chefe regional da OMS, caso não entre ajuda humanitária, os médicos poderão apenas "preparar as certidões de óbito".
A Organização das Nações Unidas (ONU) já havia declarado que o pequeno território palestino seria "inabitável em 2020", especialmente por causa do bloqueio israelense instaurado há mais de 15 anos. Hoje, esse bloqueio se tornou um "cerco total" em resposta ao ataque sangrento do movimento islamita palestino Hamas em 7 de outubro contra Israel.
A ofensiva do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, deixou mais de 1,4 mil mortos em Israel, segundo as autoridades israelenses.
Cerca de 1 milhão de pessoas se deslocaram do norte para o sul de Gaza levando apenas poucos pertences. No 10º dia de bombardeios israelenses em represália, os 2,4 milhões de habitantes de Gaza — metade delas crianças — enfrentam uma "verdadeira catástrofe", advertiu Mandhari.
Com cerca de 2.750 mortos e quase 10 mil feridos, segundo as autoridades locais, todo mundo está sobrecarregado, afirmou.
— Os corpos não podem ser recolhidos de maneira adequada das ruas e nos hospitais. Os serviços em funcionamento estão completamente saturados: cuidados intensivos, centros cirúrgicos, emergência e outros — detalhou Mandhari.
A OMS registrou que 111 infraestruturas médicas foram atacadas, 12 profissionais de saúde morreram e 60 ambulâncias foram alvejadas.
— Em todas as partes, de Norte a Sul, as despensas médicas estão praticamente vazias, a ponto de os profissionais de saúde poderem começar a preparar os certificados de óbito dos pacientes. Os médicos se veem obrigados a priorizar os pacientes que chegam. Há muita gente. Desta forma, alguns são deixados para morrer lentamente — declarou, preocupado, Mandhari.
Restam 24 horas de água, eletricidade e combustível, segundo a ONU, a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho. Após isso, será a "verdadeira catástrofe" para todos os habitantes da Faixa de Gaza, afirmam as entidades.
Ajuda bloqueada
Os aviões que decolaram de vários países ou os caminhões com ajuda estão atualmente bloqueados no Sinai egípcio, fronteiriço com a Faixa de Gaza, na falta de um acordo entre Israel e Egito para o que material chegue ao enclave.
O Egito anunciou que nenhum estrangeiro deixaria Gaza se a ajuda humanitária não entrasse antes. Nesta segunda-feira (16), seu ministro das Relações Exteriores, Sameh Shoukry, acusou Israel de não enviar um "sinal" em resposta aos seus pedidos "reiterados".
Na terça-feira (17), Martin Griffiths, coordenador do socorro de emergência da ONU, estará no Oriente Médio para "ajudar nas negociações".
— Estamos mantendo negociações detalhadas com israelenses, egípcios e outros — assegurou.