Natural de Porto Alegre, Ranani Glazer, 24 anos, é um dos três brasileiros desaparecidos após o ataque do grupo terrorista Hamas ao território de Israel no sábado (7). Até o meio da tarde deste domingo, a família esperava por algum sinal de vida do jovem. Em contato com GZH por meio de um aplicativo de mensagens, o irmão de Ranani, Rudy Glazer, afirmou que ainda havia muita confusão e falta de informações confiáveis.
— Está um caos. Muitas famílias procurando seus parentes, e sem informação — informou Rudy.
Segundo o irmão, o telefone celular de Ranani estaria ligado até pouco tempo antes, mas sem atender chamadas, e a família se encontrava diretamente empenhada nas buscas com apoio do serviço secreto israelense.
Uma das principais razões de angústia era a incerteza sobre o que teria ocorrido com o rapaz após o ataque de militantes do Hamas à festa rave onde ele estava na companhia da namorada e de um amigo, quando foi visto pela última vez.
— Não se sabe quem morreu, quem foi sequestrado. Há muita desinformação. Não há sinal de celular na área atacada, que está fechada pelo Exército. Há combates ainda na região — complementou Rudy, desde Israel.
Em entrevista à rede CNN, a namorada do gaúcho desaparecido, Rafaela Treistman, contou que ambos estavam no festival realizado no sul do país, próximo à fronteira com Gaza, quando avistaram os primeiros mísseis cruzar o céu no começo da manhã de sábado (7).
O casal procurou abrigo em um bunker nas proximidades, que logo ficou superlotado. Rafaela conta que começaram a ser atiradas bombas de gás na direção do abrigo, onde também passaram a se acumular feridos e mortos.
Ela diz que, no meio da confusão, desorientada em razão do gás, não conseguiu mais encontrar o namorado e não sabe se ele chegou a sair do local. No depoimento à CNN, ela relata que, em um determinado momento, o rapaz estava abraçado a ela em um canto do bunker e, "em outra hora, ele não estava mais."
Antes de ser dado como desaparecido, o gaúcho postou em uma rede social um vídeo gravado no interior do abrigo.
— Cara, eu juro que essa situação não tem como inventar. No meio da rave a gente parou em um bunker, começou uma guerra em Israel, pelo menos estamos no bunker agora, seguros. Mas, cara, foi cena de filme agora, a gente correndo quilômetros para achar um lugar para se esconder, velho — disse Ranani na publicação.
Ranani Nidejelski Glazer nasceu em Porto Alegre, mas tem cidadania israelense. O pai mora em Israel e a mãe, na Capital. Estudou no Colégio Israelita e, há cerca de sete anos, se mudou para Israel, onde prestou serviço militar.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil informou que, por meio da embaixada em Tel Aviv e do escritório de representação em Ramalá, vem acompanhando a situação das comunidades de brasileiros em Israel e na Palestina. Até o momento, não havia confirmação de brasileiros entre as vítimas. Há cerca de 14 mil brasileiros vivendo em Israel e outros 6 mil na Palestina, a grande maioria fora da área afetada pelos ataques.