A divulgação de um vídeo íntimo envolvendo dois homens resultou no afastamento de um funcionário do Irã responsável por fiscalizar os valores islâmicos na província de Gilan. A gravação, que se espalhou nas redes sociais, foi divulgada no Telegram pelo canal crítico ao regime, Radio Gilan. No entanto, sua autenticidade ainda não foi confirmada de maneira independente.
Conforme o jornal A Folha de S. Paulo, o funcionário em questão, Reza Tsaghati, está sendo investigado após a divulgação do vídeo. Vale ressaltar que a homossexualidade é criminalizada no país, sujeita a pena de morte. O presidente iraniano Ebrahim Raisi, por sua vez, fez declarações atacando a comunidade LGBTQIA+ em uma visita a Uganda, condenando a promoção da homossexualidade.
Após um período de silêncio, o Departamento de Orientação Cultural e Islâmica se pronunciou sobre o caso, mencionando a "suspeita de um passo em falso do promotor de valores islâmicos em Gilan".
Embora o vídeo seja objeto de debate sobre sua autenticidade, o regime repudiou seu uso para "enfraquecer a honrada frente cultural da Revolução Islâmica".
A situação gerou tensão adicional no país, que enfrentou protestos em massa no ano anterior após a morte de Mahsa Amini, supostamente por não usar o hijab em Teerã. Tsaghati, que já ocupou outros cargos no governo, fundou uma organização que defende a castidade e o uso do véu islâmico.
Esses protestos foram a maior demonstração de oposição ao regime em muitos anos, com os manifestantes pedindo o fim do controle imposto desde 1979. As manifestações foram violentamente reprimidas pelas forças de segurança, resultando em centenas de mortes, incluindo menores de idade, conforme relatado pela Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos. Em resposta, potências ocidentais aumentaram as sanções contra o país.
Peyman Behboudi, editor-chefe do canal que divulgou inicialmente o vídeo, afirmou que continuará denunciando "a corrupção entre os funcionários do regime".