Os principais líderes da Otan se reúnem na Lituânia nesta segunda-feira (10), na véspera de um encontro de cúpula decisivo da Aliança Atlântica sobre a invasão russa da Ucrânia e os pedidos de adesão de Estocolmo e Kiev.
Os membros da aliança militar querem dar garantias do seu compromisso para defender a Ucrânia, em um momento em que as forças ucranianas realizam uma lenta contraofensiva para retomar as áreas ocupadas pelos russos.
Kiev afirmou nesta nesta segunda-feira (10) que retomou 14 quilômetros quadrados de território na semana passada, ou seja, um total de 193 km2 desde o início da contraofensiva em junho.
Para a Ucrânia é crucial estar sob a proteção da Otan para impedir Moscou de lançar novas ofensivas e, por isso, exige, juntamente com os países do leste da Europa, que a aliança estabeleça um roteiro claro nestes dois dias de cúpula.
Mas os Estados Unidos e a Alemanha insistem em uma promessa vaga sobre a adesão futura da Ucrânia, sem definir um cronograma.
O presidente dos EUA, Joe Biden, deixou claro: "Não acho que esteja pronta para ingressar na Otan", disse ele em entrevista à CNN, acrescentando que também não há unanimidade entre os aliados sobre a integração da Ucrânia "em meio a uma guerra".
"Estaríamos em guerra com a Rússia se fosse esse o caso", alertou.
O Kremlin considerou, nesta segunda-feira, que a entrada de Kiev na aliança seria "muito negativa" para a segurança na Europa.
No entanto, uma autoridade ocidental, que pediu anonimato, afirmou nesta segunda-feira que a Otan deve retirar um grande obstáculo à adesão da Ucrânia à aliança.
O funcionário disse à AFP que os aliados "estão dispostos" a remover o requisito do Plano de Ação para a Adesão.
"Os aliados da Otan estão prontos para dar esse passo como um sinal de que a Ucrânia fez progressos em seu caminho para a adesão", acrescentou.
- Críticas às bombas de fragmentação -
Para contra-atacar esta posição e mostrar o seu apoio, vários pesos pesados da Otan negociam possíveis compromissos de fornecimento de armas a Kiev a longo prazo.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, o país recebeu dezenas de bilhões de dólares em equipamentos militares.
Washington prometeu, na sexta-feira, enviar as controversas bombas de fragmentação.
Proibidas em muitos países, essas armas matam indiscriminadamente ao espalhar pequenas cargas explosivas antes ou depois do impacto, e podem causar inúmeras vítimas civis colaterais.
Biden, que admitiu ter sido uma decisão "difícil", se reuniu nesta segunda-feira, em Londres, com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que fez um apelo neste fim de semana para não usar este tipo de bombas.
A China alertou sobre os "problemas humanitários" que essas munições podem causar e a Rússia denunciou o envio, chamando-o de "demonstração de fraqueza".
A guerra na Ucrânia, que completou 500 dias no fim de semana, deixou 9.000 civis mortos, incluindo 500 menores de idade, segundo a ONU, que estima que o número de mortos seja bem maior.
- Adesão da Suécia -
Outra questão espinhosa que os membros da Otan abordarão nesta cúpula é a adesão da Suécia, que deseja se tornar o 32º membro da aliança, mas que encontra oposição do presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
Desde junho de 2022, a Suécia tem o status de "convidada" na Otan, mas a Turquia se opõe à candidatura. A Hungria, outro país que também bloqueia o processo, disse que aceitaria caso Ancara autorizasse.
Erdogan reprova a tolerância da Suécia com militantes curdos que se refugiaram no país escandinavo e pede dezenas de extradições desses ativistas que, segundo ele, são "terroristas".
O presidente turco garantiu, porém, nesta segunda-feira, que apoiará a entrada de Estocolmo na Otan caso a União Europeia (UE) retome as negociações de adesão da Turquia ao bloco.
"Primeiro abra o caminho para a adesão da Turquia à União Europeia e depois abriremos o caminho para a Suécia", disse Erdogan.
A Suécia e a vizinha Finlândia encerraram décadas de não alinhamento militar para se candidatarem à adesão à Otan após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A Finlândia entrou oficialmente na Aliança em abril.
* AFP