O presidente ucraniano Volodimir Zelensky compareceu pessoalmente na terça-feira (11) à cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Vilnius, na Lituânia, e disse que seria um "absurdo" a aliança não oferecer ao seu país a possibilidade de adesão. No fim, fracassou. Os líderes dos 31 membros da organização fizeram promessas vagas de aceitar a Ucrânia no futuro, mas não estabeleceram um cronograma ou condições para a entrada.
Na ocasião, Zelensky reclamou de desrespeito do presidente estadunidense, Joe Biden, e de outros líderes presentes na Lituânia, e disse que "não havia disposição" para aceitar a Ucrânia na Otan. A pressão não deu resultado.
No comunicado que encerrou a cúpula, os países-membros se esforçaram para encontrar o tom certo para dizer o que estava explícito: o futuro da Ucrânia é na Otan, mas um convite só seria formalizado quando os ucranianos concluíssem reformas democráticas e no setor de segurança.
Cautela
— Nesta terça-feira, viajei com fé nas decisões, nos parceiros, numa Otan forte, que não hesita, que não perde tempo e não dá as costas para nenhum agressor. Gostaria que esta fé se transformasse em confiança — declarou Zelensky, após o comunicado da aliança.
A adesão da Ucrânia à Otan, no entanto, era improvável. A principal oposição veio dos Estados Unidos e da Alemanha, que temem uma possível reação russa em caso de um convite formal ou de um cronograma de entrada.
A Otan foi criada em 1949 como uma aliança defensiva entre os EUA e seus aliados europeus. O objetivo era dissuadir o bloco soviético de qualquer ataque militar. Para cumprir a missão, foi fundamental o Artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, que criou a organização. Ele determina que um ataque contra um membro será considerado um ataque contra todos, legitimando uma ação coletiva.
Coalizão
Assim, se a Ucrânia entrar na organização, enquanto ainda trava uma guerra contra a Rússia, significa o envolvimento direto de todos os países da aliança no conflito. Por isso, todo o cuidado é pouco.
Zelensky participou na terça-feira de um jantar com todos os líderes de países da aliança. Nesta quarta (12), ele continua na Lituânia para acompanhar o recém-criado Conselho da Ucrânia da Otan. O presidente ucraniano também deve se encontrar com Biden, de acordo com funcionários da Casa Branca.
No fim, o presidente ucraniano não deixará a cúpula de mãos vazias. A Otan informou ontem que 11 países, incluindo Dinamarca e Holanda, concordaram em estabelecer uma coalizão para treinar pilotos ucranianos no uso de caças F-16, de fabricação estadunidense, em uma escola que será criada na Romênia. O acordo só foi fechado depois da aprovação de Biden.
Segundo ministro dinamarquês da Defesa, Troels Lund Poulsen, os primeiros impactos da decisão serão sentidos apenas no início de 2024.
— Esses cursos de treinamento exigem tempo para os pilotos, mas especialmente para nossos engenheiros e técnicos. Enquanto isso, vamos preparar pistas de poucos e infraestrutura — destacou.