Milhares de pessoas se reuniram nesta quinta-feira (9) à noite em Tbilisi, a capital da Geórgia, após dois dias de protestos e confrontos com a polícia, apesar de o governo ter finalmente retirado um polêmico projeto de lei.
A presidente pró-Ocidente Salome Zurabishvili, crítica do governo de seu país, mas com poderes limitados, saudou a "vitória" dos manifestantes.
"Quero parabenizar a sociedade por sua primeira vitória, estou orgulhosa das pessoas que fizeram suas vozes serem ouvidas", declarou, em um discurso televisionado de Nova York.
Por sua vez, o Ministério do Interior anunciou a "liberação" dos manifestantes detidos desde terça-feira, uma das exigências da oposição, e disse que investigará para "identificar e deter aqueles que atacaram a polícia".
Entre a multidão reunida no centro de Tbilisi, muitos denunciavam a política do governo atual.
"Nosso governo é nosso único obstáculo para a adesão à União Europeia", afirmou Eka Kamkamidze, um matemático de 39 anos. "Ou renunciam e a Geórgia entra na Europa, ou seguem no poder e caímos nas garras de [o presidente russo Vladimir] Putin", acrescentou.
Os manifestantes responderam ao apelo de vários partidos da oposição, apesar de o partido governista, Sonho Georgiano, ter retirado nesta quinta, após dois dias de grandes manifestações, um projeto de lei considerado repressivo por seus críticos.
"Como partido de governo responsável perante todos os membros da sociedade, decidimos retirar incondicionalmente este projeto de lei que apoiávamos", disse o partido.
A oposição acusa o governo georgiano de querer introduzir uma legislação inspirada no modelo russo para classificar como "agentes estrangeiros", sob pena de multa, as ONGs e os meios de comunicação que recebem mais de 20% de seu financiamento do exterior.
A Geórgia, uma antiga república soviética do Cáucaso com cerca de quatro milhões de habitantes, vem sendo abalada há anos por uma crise política entre aqueles que querem se aproximar da Europa e aqueles que preferem a Rússia.
Geórgia e Rússia se enfrentaram em 2008 em uma breve guerra que foi vencida pelo Exército de Moscou.
Nesta quinta, o Kremlin declarou-se "preocupado" com os distúrbios no país vizinho, mas negou qualquer relação com o projeto de lei sobre "agentes estrangeiros".
"O Kremlin não tem absolutamente nada a ver com isso", declarou seu porta-voz, Dmitry Peskov.
* AFP