O estado de saúde do papa Francisco, internado desde quarta-feira (29) em Roma, na Itália, registrou "uma melhora clara, após um tratamento com antibióticos contra uma bronquite infecciosa", informou o Vaticano nesta quinta-feira (30).
"No quadro dos controles clínicos, foi detectada uma bronquite infecciosa, que exigiu a administração de tratamento antibiótico à base de infusão, o qual produziu os efeitos esperados, com uma melhora clara do estado de saúde do chefe da Igreja Católica", indica o segundo relatório diário da assessoria de imprensa da Santa Sé, acrescentando que o pontífice pode receber alta nos próximos dias.
O porta-voz de Francisco, Matteo Bruni, havia informado, mais cedo, sobre a melhora progressiva do quadro clínico do Papa, que havia lido "alguns jornais e voltado ao trabalho", segundo ele.
"Estou comovido com as muitas mensagens recebidas nestas horas e expresso a todos minha gratidão pela proximidade e oração", tuitou o pontífice argentino, que está internado no 10º andar do hospital romano Gemelli, reservado para os papas, onde por sete vezes esteve internado João Paulo II, que morreu em 2005.
O Vaticano se prepara para uma Semana Santa especial, ante a possibilidade de Francisco ser impedido de participar e presidir as cerimônias litúrgicas. Uma ausência do pontífice seria algo inédito na semana mais solene do cristianismo.
Fontes do Vaticano confirmaram que cardeais irão celebrar cerimônias como a Via Crúcis da Sexta-Feira Santa no Coliseu de Roma, mas não se sabe se o Papa poderá presidi-las, uma vez que algumas são realizadas ao ar livre.
— Espero que se recupere rapidamente e que possa celebrar a Páscoa aqui de São Pedro — disse à Agence France-Presse (AFP) Tina Montalbano, guia de turismo italiana, enquanto caminhava pela praça famosa.
Francisco tem uma viagem programada para a Hungria no fim de abril, para assistir ao encerramento do Encontro Eucarístico Internacional de Budapeste.
Renúncia não foi descartada
A internação do Papa surpreendeu a opinião pública, uma vez que ele participou normalmente na quarta-feira (29) da tradicional audiência geral na Praça de São Pedro, durante a qual apareceu sorridente e saudou os fiéis. Subitamente, Francisco sentiu "uma dor forte no peito", o que levou seus assistentes a chamarem uma ambulância, publicou o jornal La Stampa.
Personalidades e líderes políticos de todo o mundo enviaram mensagens de pronta recuperação, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que pediu orações pela saúde do Papa.
Francisco, que usa uma cadeira de rodas desde maio de 2022, devido a artrite em um dos joelhos, passou por uma cirurgia no cólon em julho de 2021 no mesmo hospital de Roma. Segundo ele, a operação deixou "sequelas" devido à anestesia, e, por isso, ele descartou se submeter a uma nova intervenção no joelho.
Os problemas médicos o obrigaram a cancelar várias audiências em 2022 e a adiar uma viagem à África, o que levantou questionamentos sobre uma possível renúncia.
Em entrevistas nos últimos meses, o Papa falou sobre a possibilidade de renunciar, assim como fez em 2013 seu antecessor, Bento XVI.
— É verdade que escrevi a minha renúncia dois meses depois de minha eleição (em março de 2013). Fiz isso para o caso de ter algum problema de saúde que me impeça de exercer meu ministério — revelou Francisco, esclarecendo que não pensou concretamente em deixar o cargo.
Em julho do ano passado, o Papa reconheceu que já não podia viajar no ritmo de antes, e declarou que poderia optar por um afastamento.
Há um mês, voltou a falar sobre o tema, para explicar que a renúncia de um pontífice "não deve virar moda", e assinalou que esta ideia não estava "em sua agenda no momento".
Francisco é atendido com frequência por uma equipe de médicos e enfermeiros, seja no Vaticano, seja durante suas viagens. A medida se faz necessária, devido à sua idade e ao seu histórico médico. Aos 21 anos, o Papa esteve à beira da morte por uma pleurisia e sofreu uma retirada parcial de um dos pulmões.