O banco americano First Citizens comprará a maior parte dos ativos do Silicon Valley Bank (SVB), cuja falência neste mês provocou uma onda de pânico no setor bancário dos Estados Unidos e da Europa.
O First Citizens comprará "todos os depósitos e empréstimos" do SVB e as 17 agências do SVB abrirão como First Citizens a partir desta segunda-feira (27), anunciou no domingo à noite a Corporação Federal de Seguros de Depósitos (FDIC) dos Estados Unidos.
A negociação inclui a venda de US$ 72 bilhões de ativos com um desconto de US$ 16,5 bilhões, de acordo com a agência reguladora. Além disso, o SVB tinha no momento da falência, em 10 de março, US$ 119 bilhões em depósitos, informou a FDIC.
Os correntistas do SVB se tornarão "automaticamente correntistas do First Citizens Bank", explicou a agência.
Os empréstimos e depósitos serão administrados pelo First Citizens, enquanto a FDIC reterá quase US$ 90 bilhões em títulos e "outros ativos". O mecanismo de garantia de depósitos do governo americano, administrado pela FDIC, absorverá perdas de US$ 20 bilhões.
Um setor sob pressão
A quebra do SVB, especializado em empresas de tecnologia, foi a maior falência de um banco nos Estados Unidos desde 2008 e desestabilizou o setor bancário de uma forma que lembrou a muitos a crise financeira global iniciada naquele ano.
O SVB ficou em uma situação crítica depois de anunciar a venda de US$ 21 bilhões em títulos financeiros, com perdas de US$ 1,8 bilhão, e a intenção de ampliar seu capital.
O anúncio gerou a retirada em larga escala de fundos do SVB, o que levou a agência reguladora do setor a declarar que o banco estava insolvente e assumir o controle em 10 de março.
No dia 13 de março, o banco reabriu as portas com o nome Silicon Valley Bank Bridge, com um gestor encarregado de encontrar uma solução.
Entre os fatores que precipitaram a falência está o ritmo acelerado de aumento das taxas de juros por parte do Federal Reserve (Fed, banco central americano), para combater a inflação. O aumento das taxas de juros resultou na depreciação da carteira de títulos do Tesouro americano que SVB possuía - cujo valor flutua de modo inverso ao das taxas.
A alta das taxas de juros também elevou o custo dos empréstimos contraídos, motivo pelo qual as empresas clientes do SVB se viram obrigadas a alocar mais dinheiro para o pagamento da dívida.
Assim como o SVB, outros dois bancos faliram nos Estados Unidos nas últimas semanas, o Signature Bank e o Silvergate, e várias instituições regionais enfrentaram problemas na Bolsa. As turbulências também afetaram a Europa, com perdas generalizadas no setor bancário.
O First Citizens sofreu uma desvalorização de 23% na Bolsa desde janeiro. Outro banco regional sob pressão, o First Republic, perdeu 80% de seu valor em poucos dias. Na semana passada, a FDIC anunciou um acordo similar para a compra de parte do Signature Bank pelo Flagstar Bank, uma filial do New York Community Bancorp.
O Flagstar absorveu as 40 agências do Signature e a maior parte dos US$ 88,6 bilhões de depósitos. Mas quase US$ 60 bilhões em empréstimos permanecem sob controle das autoridades.