O papa Francisco chegou ao Sudão do Sul nesta sexta-feira (3) para uma visita de três dias com o objetivo de promover a paz e a reconciliação neste país que ainda enfrenta consequências de uma guerra civil e é um dos mais pobres do planeta.
A "peregrinação de paz" é a primeira visita de um pontífice ao Sudão do Sul desde que o país se tornou independente do Sudão em 2011, após três décadas de conflitos.
A guerra civil entre 2013 e 2018 deixou 380.000 mortos e milhões de deslocados.
Em uma cadeira de rodas, Francisco foi recebido pelo presidente Salva Kiir no aeroporto da capital Juba. Mais tarde fará um primeiro discurso diante das autoridades e do corpo diplomático.
No sábado, ele se reunirá com religiosos católicos e deslocados internos para uma oração ecumênica. No domingo celebrará uma missa.
O papa chegou da República Democrática do Congo (RDC), outro país africano assolado pela violência, onde fez uma visita de quatro dias marcada por fervor e apelos à paz.
Em Juba, as ruas começaram a encher de gente horas antes de sua chegada. Muitos carregavam faixas e cartazes dando as boas-vindas à Francisco.
A viagem para a África estava marcada para julho de 2022, mas foi adiada devido a problemas em seu joelho.
Ele será acompanhado pelos líderes das Igrejas da Inglaterra e da Escócia, representantes das outras duas confissões cristãs deste país de 12 milhões de habitantes.
A Igreja Católica preenche um vazio em áreas sem serviços governamentais e onde os trabalhadores humanitários são vítimas frequentes de ataques violentos.
A organização não-governamental Human Rights Watch incentivou líderes religiosos nesta sexta a pressionar os governantes no Sudão do Sul para que resolvam "a crise atual dos direitos humanos no país e a impunidade generalizada".
- Crimes de guerra -
"Estou muito emocionada em vê-lo" disse à AFP Hanah Zachariah, uma jovem que foi ver o pontífice junto a seu grupo de 60 jovens.
Em 2019, Francisco recebeu dois inimigos no Vaticano, Salva Kiir e Riek Masharse, se ajoelhou e suplicou pela paz.
Apesar do acordo de paz de 2018, a violência prossegue, estimulada pelas elites políticas.
Em uma ilustração da violência crônica que atinge o país, pelo menos 21 civis morreram em um ataque cometido por agricultores na quinta-feira (2), no sul do país. Muitos esperam que sua visita acabe com os combates.
"Sofremos muito. Agora queremos alcançar a paz", disse Robert Michael, que estava ansioso para ver o papa.
Quase 5.000 policiais e soldados foram mobilizados para sua visita e esta sexta-feira foi declarada como feriado nacional.
Antes de voltar à Juba, Francisco fez um discurso diante dos bispos congoleses na capital Kinshasa.
Ele pediu que não se limitassem à "ação política" e se concentrassem no povo, em um país onde a Igreja Católica tradicionalmente atua como contrapoder.
Na terça-feira, primeiro dia da visita, ele criticou o "colonialismo econômico", que impede a RDC de "aproveitar de modo suficiente de seus imensos recursos naturais".
Esta é 40ª viagem internacional de Francisco desde que foi eleito papa em 2013 e a terceira para a África subsaariana.
* AFP