O candidato do partido no poder na Nigéria, Bola Tinubu, se aproxima da vitória, nesta terça-feira (28), segundo os resultados parciais das eleições presidenciais contestadas pelos seus dois principais adversários, que denunciam fraudes "massivas" e exigem a anulação do escrutínio.
Segundo os resultados divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (Inec) para 31 dos 36 estados e o território da capital federal, Tinubu, do partido Todos os Progressivos (APC), lidera a contagem com 8,1 milhões de votos.
Seu principal adversário, Atiku Abubakar, do Partido Democrático do Povo (PDP), tem 6,4 milhões votos, segundo a Inec, enquanto o terceiro colocado, Peter Obi, do Partido Trabalhista (LP), soma 4,8 milhões.
No entanto, a oposição formada por PDP e LP classificou a eleição como uma "farsa".
"Perdemos completamente a fé em todo o processo", afirmaram durante uma conferência de imprensa conjunta nesta terça, pedindo o "cancelamento imediato" do escrutínio e a realização de uma "nova votação".
- Atraso na contagem -
A Inec rejeitou as acusações "infundadas e irresponsáveis" da oposição.
"Quando insatisfeitos com o resultado de uma eleição, os candidatos são livres para ir ao tribunal, mas não podem solicitar o cancelamento antes do final da eleição", disse a comissão em um comunicado.
Mais de 87 milhões de pessoas estavam registradas para comparecer às urnas no sábado para escolher seu presidente para os próximos quatro anos entre 18 candidatos.
O vencedor terá pela frente a difícil tarefa de erguer o país mais populoso da África, com 216 milhões de habitantes, assolado por uma economia em declínio, pela violência recorrente de grupos armados e pelo empobrecimento generalizado da população.
Para vencer no primeiro turno, o candidato deve ficar em primeiro lugar e obter pelo menos 25% dos votos em pelo menos 24 dos 36 estados da Nigéria e em Abuja, a capital federal. Caso contrário, um segundo turno deve ser organizado no prazo de 21 dias.
Pela primeira vez desde o retorno da democracia em 1999, a Nigéria pode ter uma eleição presidencial em dois turnos.
- Acusações de fraude -
A votação de sábado transcorreu com tranquilidade, apesar de alguns incidentes de segurança e problemas logísticos, que causaram atrasos.
O processo eleitoral se complicou, porém, com a transferência eletrônica dos resultados, utilizada pela primeira vez em nível nacional.
A Nigéria tem um longo histórico de manipulação e compra de votos e uma missão de observação da União Europeia apontou a sua "falta de transparência" e falhas na organização do escrutínio.
"A confiança na Inec foi ainda menor" devido aos atrasos registados no dia da votação e na divulgação dos resultados, afirmaram.
"Para Tinubu vencer no estado de Rivers, é impossível!", afirmou Osaki Briggs, um irritado eleitor de 25 anos, ao expressar as suspeitas compartilhadas por muitos de seus compatriotas. "A Inec acha que os nigerianos são o que?".
- Voto comunitário -
Ex-governador de Anambra (sudeste), Obi, de 61 anos e de etnia cristã igbo, conquistou grande popularidade entre a juventude urbana com suas promessas de mudança em comparação com seus dois rivais septuagenários e muçulmanos.
O candidato cristão surpreendeu ao vencer em Lagos, estado-chave com mais de 7 milhões de eleitores registrados e capital econômica do país mais populoso da África e reduto do partido governista da Nigéria.
A vitória do LP em Lagos foi um duro golpe para o APC e o PDP, que dividem o poder na Nigéria desde o fim do regime militar em 1999.
No entanto, Tinubu e Abubakar estão bem estabelecidos no norte, onde a taxa de participação costuma ser mais alta.
O voto comunitário é importante na Nigéria, que tem mais de 250 grupos étnicos, polarizados entre um norte predominantemente muçulmano e um sul de maioria cristã.
O vencedor substituirá o presidente Muhammadu Buhari, um ex-general eleito em 2015 que deixará o cargo após dois mandatos nos quais seus críticos dizem que ele não cumpriu a promessa de tornar a Nigéria mais segura.
* AFP