A Rússia reivindicou nesta sexta-feira (13) a conquista da cidade ucraniana de Soledar, mas a Ucrânia negou alteração das condições no território, assegurando que ainda há "intensos combates" pelo controle desta região no leste do país.
"Na tarde de 12 de janeiro, concluiu-se a liberação da cidade de Soledar, que é importante para a continuação bem-sucedida das operações ofensivas" na região de Donetsk, informou o Ministério da Defesa russo em um comunicado. O exército ucraniano negou imediatamente a perda de Soledar.
— Os combates intensos continuam em Soledar. As Forças Armadas ucranianas mantêm a situação sob controle em condições difíceis — disse o porta-voz do Comando Leste do exército ucraniano, Serguii Cherevaty, à televisão ucraniana.
Algumas horas antes, a vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Malyar, disse que "as hostilidades continuaram" durante a noite. "O inimigo lançou quase todas as suas forças principais para Donetsk (região) e mantém uma ofensiva de alta intensidade", afirmou Malyar no Telegram.
A captura de Soledar, que tinha 10 mil habitantes antes do conflito e que agora está totalmente devastada, significaria uma vitória militar simbólica para Moscou depois dos reveses sofridos por suas tropas desde setembro.
Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), organização sediada nos Estados Unidos que acompanha os combates em tempo real, "as forças russas provavelmente capturaram Soledar em 11 de janeiro".
Para dar base à afirmação, o ISW cita "fotos geolocalizadas divulgadas em 11 e 12 de janeiro" que "indicam que as forças russas provavelmente controlam a maior parte de, se não a totalidade, de Soledar e provavelmente expulsaram as forças ucranianas da periferia oeste da cidade".
De acordo com o ISW, porém, a captura da pequena cidade "não anunciaria um cerco iminente de Bakhmut" e "não permitirá que as forças russas exerçam controle sobre importantes linhas terrestres ucranianas de comunicação" com a principal cidade da área.
Os combates dentro e ao redor de Soledar têm sido fortes há vários meses, mas sua intensidade aumentou, de forma significativa, nos últimos dias. O exército ucraniano luta nesta pequena cidade conhecida por suas minas de sal contra os mercenários do grupo paramilitar russo Wagner.
O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, garantiu na quarta-feira (11) que seus homens controlavam Soledar, mas tanto o Kremlin - com quem mantém uma relação de rivalidade - quanto as autoridades ucranianas rapidamente negaram.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, prometeu na quinta-feira (12) entregar todo material militar necessário para defender Soledar e Bakhmut, uma grande cidade do leste que também resiste há semanas à ofensiva militar russa e que Moscou tenta conquistar desde o verão boreal.
— O 'front' aguenta — garantiu.
A Rússia lançou sua ofensiva nesta área de Donetsk depois de sofrer vários contratempos que levaram o presidente russo, Vladimir Putin, a mobilizar centenas de milhares de reservistas e lançar uma campanha de bombardeios contra as infraestruturas energéticas. Na quinta-feira (12), o exército ucraniano disse que repeliu ataques em mais de uma dúzia de cidades na região.
— Ainda há muito trabalho a ser feito — declarou o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov.
Para reverter o rumo do conflito, a Rússia substituiu, mais uma vez, o comandante de sua ofensiva na Ucrânia. Com isso, o chefe do Estado-Maior do exército, general Valeri Gerasimov, um interlocutor direto do presidente Putin, assume o lugar de Sergei Surovikin, no cargo há três meses.