A deputada grega Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu, e três outras pessoas foram indiciadas e presas neste domingo (11), na Bélgica, no âmbito de uma investigação sobre corrupção relacionada ao Catar. Um juiz enviou Kaili e outras três pessoas à prisão dois dias após ela ser detida.
A política não pôde se beneficiar da imunidade parlamentar, uma vez que foi presa em flagrante delito. Informações repassadas à AFP apontam que Eva transportava "sacolas de notas" na noite de sexta-feira, quando foi detida pela polícia belga.
Além de congressista pelo Partido Socialista Grego, Eva Kaili é ex-apresentadora de TV. Nascida em Thessaloniki, a segunda maior cidade da Grécia, ela entrou na política aos 20 anos, tornando-se vereadora da cidade em 1998. Nove anos depois, ela se tornou o membro mais jovem do partido no Parlamento grego. Kaili entrou no Parlamento Europeu em 2014 pelo grupo dos Socialistas e Democratas (S&D).
Kaili, atualmente com 44 anos, se tornou uma das vice-presidentes da Casa em janeiro deste ano, quando também passou a integrar a equipe responsável pelas relações da União Europeia com a Península Arábica.
Ela estudou arquitetura, relações internacionais e europeias e jornalismo. Entre 2004 e 2007, foi apresentadora de um noticiário de um grande noticiário privado da Grécia.
O escândalo explodiu em plena Copa do Mundo no Catar, que luta para refutar as acusações de desrespeito aos direitos humanos dos milhares de migrantes que trabalharam na construção dos estádios. Eva viajou ao Catar no início de novembro, onde elogiou, ao lado do ministro do Trabalho do Catar, as reformas do emirado neste setor.
O caso constitui "um ataque grave à reputação" da instituição da União Europeia, lamentou neste domingo o comissário de Economia do bloco europeu, Paolo Gentiloni. É um caso "vergonhoso e intolerável", insistiu.
"Caso se confirme que alguém recebeu dinheiro para tentar influenciar a opinião do Parlamento Europeu, acredito que será um dos casos de corrupção mais dramáticos dos últimos anos", acrescentou Gentiloni.
Nesse caso, "suspeita-se de pagamento de somas substanciais de dinheiro ou presentes significativos a terceiros com posição política e/ou estratégica dentro do Parlamento Europeu para influenciar decisões" dessa instituição, assinalou hoje a procuradoria federal.
Entre os seis suspeitos detidos na sexta estavam o ex-parlamentar italiano Pier-Antonio Panzeri e o secretário-geral da Confederação Sindical Internacional (ITUC) Luca Visentini, também italiano. Segundo a imprensa belga, o próprio pai de Eva foi localizado com uma grande quantia em dinheiro em uma mala.
No sábado à noite, a presidente da Eurocâmara, a maltesa Roberta Metsola, já havia decidido por uma primeira sanção contra Eva e a destituiu das funções que havia delegado, inclusive de representá-la na região do Oriente Médio. Eurodeputados de esquerda pediram a renúncia de Eva, que foi removida na sexta-feira do partido socialista grego (Pasok-Kinal).