A coordenadora da ONU em Burkina Faso, a italiana Barbara Manzi, foi declarada "persona non grata" pela junta militar no poder e convidada a deixar o país nesta sexta-feira (23).
De acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, "Barbara Manzi, coordenadora residente do sistema das Nações Unidas, foi declarada 'persona non grata' no território de Burkina Faso. Foi pedido que ela deixe Burkina Faso hoje mesmo (sexta-feira), 23 de dezembro de 2022".
A ministra das Relações Exteriores do país, Olivia Rouamba, afirmou que esta expulsão se justifica, sobretudo, pelo fato de Manzi ter decidido, "unilateralmente", retirar o pessoal não essencial da ONU da capital, Uagadugu.
"É desacreditar, manchar a imagem do país e desestimular potenciais investidores. Isso é inconcebível, e temos que assumir nossa responsabilidade", disse Rouamba em entrevista à televisão nacional.
"Além desses fatos, lembramos que Manzi previu o caos em Burkina Faso nos próximos meses. Não sabemos com base em que ela pode fazer isso. Estão sendo feitos grandes esforços em termos de segurança, e as Nações Unidas deveriam se tornar uma estrutura de apoio", continuou a ministra.
Manzi, que também era coordenadora humanitária da ONU, estava em Burkina Faso desde agosto de 2021. Ela apresentou suas credenciais ao então líder do país Roch Marc Christian Kaboré, derrubado em janeiro de 2022 por um golpe militar.
Burkina Faso é governado desde o final de setembro pelo capitão Ibrahim Traoré, que também chegou ao poder por meio de um golpe militar.
Desde 2015, o país tem tido dificuldade para fazer frente aos ataques de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda e ao grupo Estado Islâmico, que causaram milhares de mortos e provocaram o deslocamento de cerca de dois milhões de pessoas.
Rouamba fez, no entanto, uma distinção entre "a pessoa de Manzi e as Nações Unidas", instituição com a qual Burkina Faso "ainda mantém uma cooperação muito boa".
Uma fonte diplomática confirmou à AFP que uma "longa lista de recriminações" levou "a diplomacia de Burkina Faso a assumir suas responsabilidades".
* AFP