As equipes de emergência da Indonésia trabalhavam contra o tempo nesta quinta-feira (24) para encontrar sobreviventes após o terremoto que deixou 271 mortos. O "milagroso" resgate de um menino de seis anos que passou dois dias preso nos escombros, na quarta-feira (23) à noite, aumentou as esperanças de que sobreviventes possam ser encontrados entre as ruínas provocadas pelo tremor que devastou a cidade de Cianjur, em Java Ocidental, na segunda-feira. Quarenta pessoas continuam desaparecidas, segundo as autoridades.
O pequeno Azka, seis anos, sobreviveu sem água nem comida.
— Quando percebemos que Azka estava vivo, todos começaram a chorar, inclusive eu — afirmou à AFP Jeksen, um voluntário de 28 anos.
— Foi muito emocionante, um milagre — completou.
As equipes de emergência sabem que 72 horas depois do terremoto, de 5,6 graus, as chances de encontrar sobreviventes são muito pequenas. O vídeo do resgate, divulgado pelo governo do distrito de Bogor, em Java Ocidental, mostra o momento em que os socorristas retiram Azka de uma casa destruída no distrito de Cugenang, o mais afetado da cidade.
O homem que o resgatou de um buraco nos escombros abraçou o menino, enquanto outro socorrista com um traje de proteção segurava a mão dele.
Pouco depois, Azka era hidratado enquanto estava no colo de um soldado. O corpo da mãe do menino foi encontrado poucas horas antes, informou um voluntário à AFP. Além disso, ao lado da criança foi encontrado o corpo da avó dele, disse Jeksen. O menino sobreviveu graças a um muro que apoiou outra parede que desabou e impediu a queda sobre ele, relatou a imprensa local.
— Ele foi encontrado na parte esquerda da casa, na cama. Estava protegido por um travesseiro e havia um vão de 10 centímetros entre ele e o muro de concreto — explicou Jeksen.
— Era um espaço tão estreito, estava escuro, quente e não havia espaço suficiente para respirar. Durante todos os anos que trabalhei como voluntário eu nunca vi algo assim. Como não chorar? — acrescentou.
Muitas vítimas do terremoto foram crianças que ficaram presas em suas escolas ou casas, informaram as autoridades. Mas o tempo para encontrar sobreviventes é curto e os trabalhos de resgate são prejudicados pelas chuvas intensas e ameaças de tremores secundários.
— Hoje mobilizamos 6 mil pessoas para a operação de busca e resgate. Está chovendo, mas continuamos procurando — afirmou o diretor da agência nacional de gestão de desastres, Suharyanto, que tem apenas um nome, como muitos indonésios.
— Por favor, rezem por nós para que as 40 pessoas desaparecidas possam ser encontradas — pediu.
O balanço mais recente registra 271 mortes, mas o número pode aumentar, segundo as autoridades. Quase 2 mil pessoas ficaram feridas. O presidente indonésio, Joko Widodo, visitou a área da tragédia pela segunda vez nesta quinta-feira.
Mais de 61 mil pessoas ficaram desabrigadas após o terremoto. O governo distribui alimentos e barracas, mas os hospitais estão sobrecarregados. Localizada no "círculo de fogo" do Pacífico, onde placas tectônicas se encontram, a Indonésia registra terremotos ou erupções vulcânicas com frequência.