Um importante grupo de ativistas afegãs pediu à secretária de Estado das Relações Exteriores do Paquistão, Hina Rabbani Khar, em visita a Cabul nesta terça-feira (29), para discutir as relações bilaterais com os talibãs, que não se esqueça da situação das mulheres.
A visita de Hina acontece apenas algumas semanas depois de os talibãs terem imposto novas restrições às mulheres, incluindo a proibição de acesso a parques públicos, ou a academias.
Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra das Relações Exteriores do Paquistão, em 2011, e agora é secretária de Estado.
"Você é um exemplo da condição das mulheres em nosso país vizinho", declarou a Rede de Mulheres Afegãs, que reúne vários grupos de ativistas feministas, em uma carta aberta a Khar.
"Pedimos a você que use sua visita, não apenas como ministra, mas também como mulher e como líder muçulmana, para apoiar as mulheres do Afeganistão e reforçar nossa solidariedade", acrescentou.
O Paquistão mantém relações complicadas com os talibãs. O país é acusado, com frequência, de ajudar o regime desde seu surgimento no início dos anos 1990 e depois da invasão americana do Afeganistão em 2001, embora oficialmente Islamabad apoie Washington.
Depois de 2001 e da queda do primeiro regime talibã, os líderes deste movimento se refugiaram, em grande parte, em território paquistanês, sobretudo, em Quetta (oeste), onde conseguiram fortalecer sua resistência durante duas décadas.
Os talibãs voltaram ao poder no Afeganistão em agosto de 2021, em paralelo à retirada das tropas americanas e estrangeiras do país.
O Paquistão tem mais de um milhão de refugiados afegãos. Vários grupos armados vivem, há tempos, na porosa fronteira entre os dois países.
Por enquanto, nenhum país, incluindo o Paquistão, reconheceu o governo talibã e há muito poucas visitas de diplomatas estrangeiros.
* AFP