A França anunciou, nesta quinta-feira (10), que permitirá o desembarque do navio Ocean Viking, que transporta 230 imigrantes resgatados no mar Mediterrâneo, e criticou a Itália por negar o acesso da embarcação a sua costa.
O ministro francês do Interior, Gerald Darmanin, disse que o Ocean Viking poderá atracar no porto militar de Toulon, sul do país, após um impasse com a Itália sobre quem deve receber os migrantes.
— Recebemos este navio excepcionalmente, tendo em conta os 15 dias de espera no mar que as autoridades italianas impuseram aos passageiros — declarou.
Darmanin criticou o "comportamento inaceitável" das autoridades italianas e disse que o navio deve atracar na sexta-feira (11).
— Um terço dos imigrantes será realocado para a França, e outro terço, para a Alemanha — disse Darmanin. — Aqueles que não cumprirem os critérios para o direito de asilo serão devolvidos diretamente — acrescentou, sem dar mais detalhes.
França e Itália trocam acusações, após a recusa dos italianos de permitir a entrada de embarcações de organizações humanitárias que resgatam imigrantes no mar. As autoridades italianas afirmam que outras nações da União Europeia (UE) devem assumir um papel maior na recepção aos milhares de migrantes que tentam chegar à Europa, procedentes do norte da África.
Darmanin advertiu que é "óbvio que haverá consequências extremamente graves para as relações bilaterais" com a Itália. Em um gesto de protesto, a França decidiu suspender "de forma imediata" o acolhimento em seu território de 3.500 refugiados que estão na Itália.
"Alívio amargo"
Mais cedo, quatro imigrantes a bordo do Ocean Viking foram levados para a ilha francesa da Córsega: três deles, por motivos médicos; e o quarto, como acompanhante.
A decisão da França foi tomada depois que a ONG SOS Méditerranée, que opera o navio, solicitou a medida, devido à recusa da Itália.
— Poder atracar em Toulon é um "alívio amargo". Esta longa espera no mar mostra que é urgente que os Estados europeus ponham em prática um mecanismo de distribuição permanente para os migrantes resgatados no Mediterrâneo, depois de terem fugido, em muitos casos, da Líbia, em embarcações precárias — disse à Agence France-Presse (AFP) a diretora da SOS Méditerranée, Sophie Beau
Já a extrema direita francesa considerou a recepção deste navio como um "sinal dramático de fraqueza".
"Com esta decisão, (o presidente francês Emmanuel Macron) não pode fazer ninguém acreditar que ele quer acabar com a imigração em massa e anárquica", afirmou nas redes sociais a política de extrema direita Marine Le Pen.