Os americanos aguardam, nesta quinta-feira (10), com impaciência o resultado final das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, mas o presidente Joe Biden já celebra o que considera um sucesso dos democratas para evitar a "onda vermelha" republicana.
— Não aconteceu — disse Biden, 79 anos, em entrevista coletiva ainda na quarta-feira (9), em suas primeiras declarações após a votação. — Foi um bom dia, acredito, para a democracia.
De acordo com a apuração parcial dos votos, provavelmente os republicanos conquistarão a maioria na Câmara de Representantes, mas com uma vitória muito menor do que o partido e as pesquisas projetavam. Caso as perspectivas sejam confirmadas, esta será a eleição de meio de mandato com melhor desempenho para o presidente em exercício e seu partido em duas décadas.
No Senado, os democratas venceram uma das disputas mais acirradas, com John Fetterman na Pensilvânia. A composição depende agora de três cadeiras: Arizona e Nevada, onde a apuração pode demorar vários dias, e Geórgia, onde a disputa deve ser definida em um segundo turno em 6 de dezembro.
Aberto a "boas ideias"
Combativo e otimista, Biden não esperou o anúncio dos resultados definitivos da votação para celebrar o fato de que seu partido evitou um revés muito maior do que o esperado depois que os republicanos concentraram a campanha na incapacidade do governo democrata de conter a inflação.
O chefe de gabinete do presidente, Ron Klain, ironizou a percepção pública da administração Biden:
— Nunca subestime o quanto a equipe de Biden é subestimada.
Em sua entrevista na Casa Branca, o presidente reiterou a "intenção" de disputar a reeleição em 2024, uma decisão que, prometeu, será tomada "no início do próximo ano". Biden também aproveitou a oportunidade para estender a mão à oposição republicana, ao afirmar que está aberto a todas as "boas ideias".
A entrevista foi a ocasião perfeita para o presidente demonstrar sua característica favorita, a de centrista, reforçando seu comprometimento, um perfil moldado durante sua longa trajetória como senador.
Na tarde de quarta-feira, Biden ligou para o líder dos republicanos na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy. Ele deve ser o novo presidente da Câmara, caso o partido conquiste a maioria.
Olhares voltados para 2024
É mais provável, no entanto, que o apelo de Biden pelo bipartidarismo esbarre em uma muralha republicana. Mesmo com maioria por pequena margem na Câmara, os republicanos terão um poder de supervisão considerável, que prometeram usar para iniciar investigações sobre Biden e pessoas próximas ao presidente.
Os republicanos estão dispostos a explorar qualquer possível passo em falso do campo democrata, com os olhares voltados para as eleições presidenciais de 2024.
— Vou liderar a luta para garantir que meu partido não fracasse — afirmou Marjorie Taylor Greene, uma congressista da Geórgia ligada ao ex-presidente Donald Trump.
Agora, boa parte dos olhares já se volta para 2024 e para a próxima campanha presidencial. Trump, que havia apostado em uma vitória contundente de seus apoiadores para anunciar sua candidatura à reeleição, foi obrigado a admitir, na quarta-feira, que os resultados das "midterms" foram "algo decepcionantes".
Não demorou, contudo, para usar sua rede social, a Truth Social, para insistir em que "foi uma vitória muito grande".
O ex-presidente, de 76 anos, prometeu um "anúncio muito grande" para 15 de novembro. Aparentemente, será uma tentativa de minar a popularidade de um de seus possíveis rivais pela indicação republicana, o governador da Flórida, Ron DeSantis, que saiu fortalecido das eleições, após uma vitória por ampla margem.
— Ainda temos muito por fazer, e a luta apenas começou — declarou o governador de 44 anos.
Questionado na quarta-feira sobre a rivalidade entre Trump e DeSantis, o presidente Biden se limitou a responder que "será divertido ver como os dois se enfrentam".