O processo pelo ataque jihadista de Viena, o primeiro na Áustria, começou nesta terça-feira (18) com a presença dos supostos cúmplices do autor, morto no mesmo dia do atentado cometido em 2 de novembro de 2020. Kujtim Fejzulai, de 20 anos, matou quatro pedestres e feriu outras 23 pessoas na capital austríaca. Antes do ataque, o austríaco gravou uma mensagem de adesão ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que reivindicou o ato.
Apesar da ausência do autor, as partes civis esperam encontrar respostas dos seis acusados, dos quais cinco estão em prisão preventiva. Os réus são quatro austríacos, um kosovar e um checheno, com idades de 21 a 32 anos, suspeitos de terem "facilitado a execução de crimes em nome de sua filiação comum ao movimento islamita radical", segundo a ata de acusação.
— Já que o autor direto não pode ser julgado, a condenação de seus cúmplices supõe alguma forma de justiça para as famílias das vítimas — explicou Mathias Burger, que representa os pais e irmãos de Nedzip Vrenezi, jovem de 21 anos vítima do ataque.
O apoio dos cúmplices pode ter sido pelo fornecimento de armas, ajuda logística ou incitação à violência. Os acusados podem ser condenados a penas de entre 20 anos à prisão perpétua.
Os réus chegaram ao tribunal sob forte escolta policial. Se apresentaram ao juiz informando seu nome e data de nascimento. Todos usavam máscaras para proteção contra a covid-19.
A advogada Astrid Wagner afirmou que seu cliente, o checheno Adam Makhaev, admite o tráfico de armas, mas não sua responsabilidade no ataque.
— Não sabia para que seriam utilizadas — disse a advogada, um dia antes do início do julgamento. O processo inclui 17 audiências ao longo de vários meses até a decisão, que deve ser proferida em fevereiro de 2023.
Kujtim Fejzulai, cujos pais são originários de Macedônia do Norte, foi condenado em 2018 por tentar unir-se ao grupo Estado Islâmico na Síria.
Os serviços de inteligência foram informados de sua tentativa de comprar armas após sua saída da prisão, além de contatos que manteve com jihadistas de países vizinhos. No entanto, sua periculosidade não foi confirmada.
Após este atentado, a Áustria estabeleceu, em julho de 2021, um sistema de vigilância eletrônica para os jihadistas colocados em liberdade e criou uma tipificação penal específica para os crimes motivados pelo "extremismo religioso".