A Rússia consultará a população para estabelecer as fronteiras das regiões anexadas de Kherson e Zaporizhia, no sul da Ucrânia, afirmou nesta segunda-feira (3) o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
— Seguiremos consultando a população destas regiões — respondeu Peskov ao ser questionado se a Rússia estava anexando a totalidade ou apenas partes do território que ocupa nestas regiões.
O presidente russo Vladimir Putin formalizou a anexação de Kherson e Zaporizhia, assim como de outras duas regiões ucranianas, Donetsk e Lugansk, em uma cerimônia na sexta-feira (30) no Kremlin.
As regiões de Donetsk e Lugansk foram anexadas em sua totalidade, depois que Moscou reconheceu a soberania dos regimes separatistas pró-Rússia no fim de fevereiro, pouco antes do início da ofensiva na Ucrânia.
Mas o Kremlin afirmou na semana passada que as fronteiras das regiões de Kherson e Zaporizhia precisavam ser "esclarecidas".
O Instituto para Estudos da Guerra (ISW, em inglês), centro de pesquisas com sede nos Estados Unidos, afirma que a Rússia controla 72% da região de Zaporizhia. Além disso, quase 88% de Kherson e sua capital de mesmo nome estão sob ocupação russa.
A Rússia organizou às pressas os referendos nas quatro regiões ucranianas e as votações foram consideradas "farsas" pela Ucrânia e seus aliados ocidentais.
Também nesta segunda-feira, as autoridades russas anunciaram que o funcionário responsável pelo recrutamento militar na região de Khabarovsk, Yuri Laiko, foi suspenso de suas funções após a convocação por engano de milhares de pessoas para lutar na Ucrânia.
"Isto não terá nenhum impacto na meta estabelecida pelo presidente", disse o governador Mikhail Degtyaryov no Telegram.
Khabarovsk fica no extremo leste da Rússia.
"Em 10 dias, vários compatriotas receberam intimações e compareceram aos postos militares. Fizemos com que metade deles retornassem para casa porque não preenchiam os critérios de seleção para entrar no exército", disse o governador.