A primeira-ministra britânica, Liz Truss, renunciou nesta quinta-feira (20). Ela havia assumido o cargo há 45 dias, em 6 de setembro.
Truss, que substituiu Boris Johnson, vinha sofrendo pressão devido a um polêmico plano econômico que previa, entre outros pontos, um corte amplo de impostos e um empréstimo bilionário para cobrir o rombo nas contas públicas.
Em pronunciamento em Downing Street, Truss afirmou brevemente que não poderia mais seguir adiante com os planos traçados na época da eleição. Ela disse ainda que este é um momento de grande "instabilidade econômica e internacional".
— Dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador — disse Truss, que se torna a chefe de governo de vida mais curta na história contemporânea do Reino Unido.
Truss anunciou ainda que a votação para substituí-la ocorrerá "até a próxima semana". Ela continuará exercendo o cargo de primeira-ministra até que um sucessor seja escolhido, disse.
Economia britânica
No começo de outubro, com pouco menos de um mês no cargo, Liz Truss viu sua autoridade política erodir rapidamente, conforme seu experimento agressivo na economia saía de controle. Após apresentar os maiores cortes de impostos em uma geração para tentar estimular a economia local, ela passou a travar uma batalha ao tentar convencer investidores céticos, o povo britânico e os próprios parlamentares.
Truss e sua equipe sugeriram congelar benefícios de bem-estar social abaixo do nível da inflação, ideia que atraiu críticas de outros integrantes do Partido Conservador. Dias após assumir, o governo já via a libra em forte queda e o Banco da Inglaterra tendo de intervir para impedir o colapso dos fundos de pensão locais, ante temores de investidores sobre a saúde das finanças do país.
No último domingo (16), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez críticas diretas ao plano econômico de Truss. Segundo ele, a ideia de cortar impostos dos mais ricos era um erro e disse estar preocupado que as políticas fiscais de outras nações pudessem prejudicar os EUA em meio à inflação mundial.