As Nações Unidas registraram mais de 3.000 casos de tortura e maus-tratos na República Democrática do Congo (RDC) de abril de 2019 a abril de 2022, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira, em que denuncia a impunidade dominante.
Divulgado pelo Escritório Conjunto das Nações Unidas para os Direitos Humanos na República Democrática do Congo (RDC) e pela Missão da ONU para a estabilização da RDC (Monusco), o documento relata "3.126 casos de tortura e outros danos ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, que deixaram 4.185 vítimas (3.288 homens, 630 mulheres e 267 crianças) em todo o território.
Os atos teriam sido realizados tanto "pelos membros das forças de defesa e segurança quanto pelos membros de grupos armados". Um total de 93% dos casos "foram documentados em zonas afetadas por conflitos armados", informou a ONU.
As regiões particularmente afetadas pelos conflitos são as províncias de Ituri, Kivu Norte e Kivu Sul, no leste, presa há quase 30 anos da violência entre grupos armados. De todos os casos reportados, 492 eram de violência sexual cometida contra 761 pessoas (566 mulheres, 191 crianças e quatro homens).
Segundo o documento, membros das forças de segurança seriam responsáveis por 1.293 dos casos registrados, e 1.833 foram obra de membros de grupos armados que, por vezes, "agiram em conluio com as forças de segurança".
A ONU denunciou que os atos foram cometidos "em um contexto de relativa impunidade", no qual poucos casos são denunciados e poucas denúncias são investigadas até o fim, o que "contribui para subestimar o problema e seu alcance".
* AFP