Dezenas de manifestantes agitaram bandeiras russas nesta terça-feira na capital de Burkina Faso, no dia em que uma delegação da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (Cedeao) chegou ao país, após o segundo golpe de Estado neste ano.
Os manifestantes gritaram palavras de ordem em favor da Rússia e chamados para que a França abandone sua presença no país. Também lançaram alertas contra a Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (Cedeao) contra "qualquer interferência".
O país está mergulhado em incertezas desde o fim de semana, depois que o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba - que liderou um golpe de Estado em janeiro - foi deposto pelo jovem capitão Ibrahim Traore. O golpe coincidiu com protestos violentos contra a França, nos quais manifestantes agitaram bandeiras russas, o que alimentou especulações de que Traore poderia seguir os passos de outros regimes de países francófonos da África e aprofundar seus laços com a Rússia.
A delegação da Cedeao chegou hoje a Burkina, liderada pela chanceler da Guiné-Bissau, Suzi Carla Barbosa, cujo país preside o bloco. No mesmo dia, concluiu sua missão, depois de "dois encontros importantes, o primeiro com líderes religiosos e tradicionais, e o principal com o capitão Ibrahim Tahore", disse o ex-presidente do Níger Mahamadou Issoufou, mediador para Burkina na Cedeao.
O novo dirigente informou que a visita da entidade africana visa a "estabelecer um contato com as novas autoridades de transição", como parte do apoio que o órgão deu a Burkina Faso.
- Cooperação com a Rússia -
Nas ruas, manifestantes cantaram lemas como "França vá embora", "Não à interferência da Cedeao" e "Vida longa à cooperação entre Rússia e Burkina".
Ibrahim Traore agradeceu nesta noite a seus apoiadores por sua mobilização e lhes garantiu que suas "diferentes mensagens foram ouvidas", mas pediu aos mesmos que desocupassem os espaços públicos.
Traore prometeu ontem que será mantido o calendário para um retorno ao governo civil até julho de 2024 e afirmou que isso poderia acontecer ainda antes.
Na Rússia, Yevgeny Prigozhin, fundador do polêmico grupo paramilitar Wagner, cuja atuação foi registrada na República Centro-Africana e no Mali, cumprimentou Traore, que chamou de "bravo filho de seu país" na rede social de sua empresa, Concord. Traore e seus homens "fizeram o necessário, e o fizeram unicamente pelo bem do seu povo", acrescentou.
* AFP