Uma juíza salvadorenha rejeitou na terça-feira o pedido de liberdade para dois militares da reserva que estão em prisão provisória e são acusados pelo assassinato de quatro jornalistas holandeses há 40 anos, durante a guerra civil no país (1980-1992).
A magistrada María Mercedes Argüello negou o pedido da dafesa para a libertação do coronel Francisco Antonio Morán Reyes e do general José Guillermo García, assim como vetou a concessão de medidas cautelares substitutivas à detenção provisória.
El Salvador permite que réus sejam julgados em liberdade se o crime pelo qual são acusados contempla penas de menos de três anos de prisão, mas o assassinato pode resultar em penas de 15 a 20 anos de prisão.
García, 89 anos, ministro da Defesa entre 1979 e 1983, e Morán, 91, que foi diretor da extinta Polícia de Fazenda, foram detidos em 14 de outubro em suas residências em San Salvador.
O advogado das vítimas, Pedro Cruz, afirmou à AFP que atendendo aos exames médicos apresentados pelos advogados dos militares, a juíza permitiu que "recebam atendimento sob custódia policial", mas quando se recuperarem no hospital terão que seguir para um centro penitenciário.
Em 17 de março de 1982, segundo a Comissão da Verdade organizada pela ONU, os jornalistas Koos Jacobus Andries Koster, Jan Corenlius Kuiper Joop, Hans Lodewijk ter Laag e Johannes Jan Willemsen foram mortos em uma emboscada executada pelo agora proscrito batalhão Atonal em Santa Rita, departamento de Chalatenango.
Os holandeses estavam em El Salvador para filmar um documentário sobre o conflito.
Uma lei de anistia que perdoou os crimes de guerra, declarada inconstitucional em 2016, impediu uma investigação do caso.
Além de García e Morán, outro acusado pelos assassinatos é o coronel Mario Adalberto Reyes Mena, ex-comandante da IV Brigada de Infantaria de Chalatenango, que mora nos Estados Unidos.
O mandado de prisão recente também inclui os falecidos general Rafael Flores Lima, ex-comandante do Estado-Maior Conjunto do exército, e o sargento Mario Canizales.
* AFP