O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, defendeu os laços econômicos de seu país com a Rússia e prometeu continuar exportando grãos ucranianos, no início de sua reunião com seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Astana, capital cazaque, nesta quinta-feira (13).
"Estamos decididos a continuar e a reforçar o acordo de Istambul sobre (exportação de) grãos e também para transportar grãos e fertilizantes russos através da Turquia, para os países em desenvolvimento", declarou Erdogan, em uma breve aparição pública.
"Podemos trabalhar para determinarmos juntos quais serão esses países", disse ele.
A relação entre a Rússia e a Turquia "certamente incomodará alguns, mas os países menos desenvolvidos ficarão mais felizes", disse Erdogan, antes de os dois líderes continuarem sua conversa em particular.
Erdogan lamentou que a maioria das exportações de grãos ucranianos, que foram possíveis graças ao acordo internacional alcançado em 19 de julho com ONU, Rússia, Ucrânia e Turquia, vá para países desenvolvidos.
Mais de sete milhões de toneladas de grãos deixaram a Ucrânia pelo Mar Negro e pelo Bósforo desde que o acordo entrou em vigor em 1º de agosto, sob o controle do Centro de Coordenação Conjunta que reúne as quatro partes em Istambul.
- Centro de gás -
No mesmo encontro, Putin propôs a seu colega turco a criação de um "centro de gás" na Turquia para exportar gás para a Europa.
"Poderíamos analisar a possibilidade de criar um centro de gás em território turco para entregas para outros países", sobretudo os europeus, declarou o presidente russo, à margem de um fórum regional no Cazaquistão.
Putin elogiou a Turquia, que acabou sendo "atualmente a rota mais segura para fornecer" gás russo.
Um possível centro de gás na Turquia também poderia servir "para definir os preços" desses hidrocarbonetos, "hoje exorbitantes", segundo Putin.
"Poderíamos regular os preços sem que nenhuma regulamentação atrapalhasse", completou.
A proposta de Putin para um centro de gás na Turquia surge em um momento em que as entregas de gás russo para a Europa se encontram fortemente afetadas pelas sanções ocidentais impostas à Rússia, enquanto a UE considera impor um teto ao preço do gás frente ao aumento dos preços das contas de energia causado pela ofensiva russa na Ucrânia.
Além disso, quatro grandes vazamentos de gás aconteceram no final de setembro nos dois gasodutos que ligam Rússia e Alemanha, provocados, segundo vários países, por detonações submarinas.
A possibilidade de uma mediação turca no conflito na Ucrânia não foi mencionada no início desta reunião. Na quarta-feira, o Kremlin havia indicado que aguardava uma proposta concreta do presidente turco.
Erdogan e Putin se reuniram cara a cara pela quarta vez em três meses, por ocasião da 6ª cúpula da Conferência sobre Interação e Medidas de Confiança na Ásia (CICA), em Astana, no Cazaquistão.
* AFP