Categoria 4 na escala Saffir-Simpson de 5, o furacão Ian chegou, nesta quarta-feira (28), à costa da Flórida, nos Estados Unidos. Depois de devastar Cuba, onde deixou dois mortos e um apagão generalizado, os ventos que podem chegar a 250 km/h são classificados como "extremamente perigosos" pelas autoridades norte-americanas. Pelo menos um milhão de casas ficaram sem luz no Estado devido à chegada do furacão.
"Espera-se que Ian cause surtos catastróficos de tempestades, ventos fortes e inundações em todo o panhandle da Flórida", disse o Centro Nacional de Furacões (NHC) em seu último boletim.
Após encostar em solo norte-americano, ele deve então se mover para o interior durante o dia antes de voltar para o mar na costa oeste da região na quinta-feira (29), de acordo com a previsão. Prevê-se uma precipitação entre 300 e 450 mm no centro e nordeste da península e até 600 mm em alguns locais, disse o NHC.
— Essa é uma tempestade da qual falaremos por muitos anos — afirmou o diretor do Serviço Nacional de Meteorologia (NWS), Ken Graham, em coletiva de imprensa.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, em entrevista coletiva na quarta-feira (27), alertou para uma "grande tempestade", informando que Ian pode se tornar um furacão de categoria 5. Cerca de dez condados da costa receberam ordens de evacuação durante a noite.
— Claramente, este é um furacão muito poderoso que terá consequências de longo alcance — comentou.
Efeitos históricos e catastróficos
As autoridades estão se preparando "para os efeitos históricos e catastróficos que já estamos começando a ver", destacou Deanne Crisswell, diretor da agência federal de gestão de desastres FEMA, em uma coletiva de imprensa. O presidente Joe Biden já aprovou ajuda federal de emergência para 24 dos 67 condados da Flórida.
Em Port Charlotte, cidade de cerca de 64.000 habitantes, dezenas de motoristas percorrem as ruas apesar da intensidade da chuva e dos ventos, além do fato de todos os comércios estarem fechados.
Ao sul desta cidade, do outro lado de uma ponte sobre o Rio Peace, várias pessoas tiravam fotos da tempestade da cidade de Punta Gorda. Em uma parte deste rio, a água recuou para o estuário de Charlotte Harbour e vários pequenos barcos descansam em terra firme.
Apagão em Cuba
Cuba estava em apagão total há mais de 12 horas, com "geração zero de eletricidade", devido a falhas nas ligações do Sistema Elétrico Nacional (SEN), após a passagem de Ian, que impactou com categoria 3 e deixou dois mortos e danos extensivos.
— Nenhuma gota de água caiu e desde as 17h20min (18h20min de terça-feira, no horário de Brasília) não há corrente — disse à Agence France-Presse (AFP) por telefone Chelita Delgado, uma dona de casa de 52 anos que mora na província oriental de Granma, que não sentiu os golpes de Ian.
Desde maio, Cuba registra apagões frequentes e prolongados, mas nenhum deles de alcance nacional. Além do apagão, o furacão causou estragos.
A caminho San Juan y Martínez, a 190 km de Havana, um dos locais mais castigados e área de plantações de tabaco em Pinar del Río, há cultivos inundados, árvores arrancadas, muitas como se tivessem sido cortadas com um machado, constataram jornalistas da AFP.
No povoado de Consolación del Sur, Caridad Fernández, uma dona de casa de 65 anos, contempla o desastre da soleira de sua casa inundada, com os colchões molhados. As telhas foram levadas pelo furacão.
— Tudo ficou danificado, mas o que temos é a fé em manter a vida. Tudo tem solução, exceto a morte — ressaltou.