Combates eclodiram nesta segunda-feira (29) ao sul de Kobo, uma cidade na região de Amhara, no norte da Etiópia, que caiu nas mãos dos rebeldes de Tigré no sábado, segundo diversas fontes.
Os combates entre as forças governamentais e os rebeldes da Frente Popular de Libertação do Tigré (FPLT) foram retomados na semana passada, encerrando uma trégua de cinco meses no conflito iniciado em 2020.
"Há combates intensos nas proximidades. Estou ouvindo o barulho de armas pesadas desde a manhã", disse à AFP um morador de Kobo, que se refugiou em Woldiya, localidade situada 50 quilômetros mais ao sul.
"Muitas pessoas deslocadas estão chegando das áreas de Gobye e Robit", que fica no meio do caminho entre Kobo e Woldiya, e "o clima em Woldiya é cheio de incertezas", acrescentou o deslocado.
Uma fonte diplomática relatou confrontos em uma área entre as duas cidades, enquanto outra fonte humanitária disse que "combates intensos" estavam acontecendo nas montanhas de Zobel, a sudeste de Kobo.
O exército se retirou de Kobo, que fica cerca de 15 quilômetros ao sul da divisa com Tigré, para "evitar baixas em massa" entre civis. Segundo o governo federal do primeiro-ministro Abiy Ahmed, a cidade foi atacada "de várias direções" pelos rebeldes.
O conflito em Tigré começou em novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope enviou o exército para expulsar o governo regional. Segundo Ahmed, sua autoridade estava sendo desafiada por meses através de ataques contra bases militares na região.
Esse conflito deixou um número incalculável de mortos e obrigou dois milhões de pessoas a deixarem suas casas.
A trégua que começou em março evitou parte do derramamento de sangue e permitiu que os comboios de ajuda voltassem aos poucos para Tigré, onde a ONU diz que milhares de pessoas passam fome.
A crise em Tigré causa preocupação na comunidade internacional e, desde o fim da trégua, ONU, União Europeia (UE) e Estados Unidos pediram o fim das hostilidades e uma resolução pacífica do conflito.
* AFP