Uma operação de resgate conseguiu retirar da água, na madrugada desta quarta-feira (10), uma baleia beluga que estava perdida no Rio Sena, ao norte de Paris, na primeira etapa de uma complicada missão para devolver o animal ao mar. Os 24 mergulhadores envolvidos na operação precisaram de seis horas para conseguir colocar o cetáceo na rede.
A beluga se perdeu em uma eclusa na localidade de Saint-Pierre-la-Garenne.
Às 4h locais (23h de Brasília), a baleia — de quase 800 quilos e em estado de saúde "alarmante" — foi içada na rede impulsionada por uma grua e colocada em uma embarcação, onde recebeu atendimento de veterinários.
Durante vários minutos de incerteza, o imponente cetáceo ficou suspenso no ar, agitando o corpo de quatro metros acima dos funcionários que participaram no resgate.
O animal deveria ser colocado imediatamente em um caminhão refrigerado que o transportaria para o litoral se os exames determinassem que estava em condições de fazer a viagem, informou a secretária-geral da prefeitura de Eure, Isabelle Dorliat-Puzet.
— Estamos aguardando os resultados do exame de sangue e do ultrassom e, dependendo do resultado, será decidido se pode ou não ser transportado para o mar — disse Dorliat-Puzet.
— Podemos ver que é um macho, que está muito abaixo do peso e que tem algumas lesões — acrescentou.
Dorliat-Puzet disse que intenção é levar a beluga para ao mar e soltá-la o mais longe possível da costa. Observada em 2 de agosto no Rio Sena, a beluga estava retida desde sexta-feira (5) em uma eclusa localizada a 70 quilômetros de Paris e a 130 quilômetros da foz.
A baleia perdeu muito peso e parece estar doente, mas seu estado é "satisfatório", disse à AFP Isabelle Brasseur, do parque de animais marinhos Marineland, no sul da França, o maior da Europa.
Ainda não se sabe como animal chegou ao local, pois as belugas têm por habitat as águas frias do Ártico e, embora desçam para o sul no outono (hemisfério norte), nunca se aventuram tão longe. A situação da beluga gerou grande interesse dentro e fora da França, e várias fundações, associações e particulares fizeram doações para ajudar a salvá-la.
Isabelle Brasseur explicou que se trata de uma operação "fora do comum" desde o início, porque os veículos não podem acessar as margens do Sena nesse trecho e todo o material "tem que ser transportado a mão".
Em maio, uma orca ficou presa no mesmo rio. As operações para salvá-la fracassaram e o animal morreu de fome. De acordo com o Observatório Pelagis da França, especializado em mamíferos marinhos, a população de belugas mais próxima é encontrada no arquipélago de Svalbard, ao norte da Noruega, a 3 mil quilômetros do Sena.
Segundo essa instituição, esta é a segunda vez que a presença de uma beluga é registrada na França. A primeira foi avistada no Rio Loire, nas redes de um pescador, em 1948.