O cantor Phyo Zeya Thaw e o escritor Kyaw Min Yu (conhecido como "Jimmy") pagaram com suas vidas por se opor à junta militar de Mianmar, que os executou para silenciá-los, mas a voz desses dois opositores populares certamente ressoará.
Os dois fazem parte dos quatro condenados à morte, cuja execução foi anunciada na segunda-feira, causando uma onda de comoção internacional.
- Phyo Zeya Taw, do rap à Assembleia -
Aos 41 anos, Phyo Zeya Thaw encarnava o surgimento de uma nova geração de jovens birmaneses, urbanos, abertos às influências internacionais e rebeldes.
Junto com o grupo Acid, foi um dos pioneiros do rap nos anos 2000, importando dos Estados Unidos a moda das camisas de basquete exageradamente largas e o gosto pelas rimas subversivas.
"Nunca mudaremos, nunca nos renderemos, nunca desistiremos", dizia uma de suas canções, distribuídas clandestinamente para evitar a censura do regime militar então no poder.
Ele organizou o movimento "Generation Wave", uma rede de dezenas de artistas contrários à junta, que lhe rendeu prisão entre 2008 e 2011 por pertencer a uma organização ilegal e por possuir moeda estrangeira.
Mas as coisas mudaram quando Mianmar se voltou para a democracia. Membro da Liga Nacional para a Democracia, o partido de Aung San Suu Kyi, "sua herói" - como Phyo Zeya Taw disse em entrevista à AFP após sua eleição - ele conquistou um assento de deputado em 2015, em um distrito da capital Naypyidaw.
O golpe militar de 1º de fevereiro de 2021 encerrou abruptamente o parêntese da transição e consagrou o retorno ao poder dos militares.
Phyo Zeya Thaw foi preso em novembro, acusado pela nova junta militar de ter orquestrado vários ataques contra as forças de segurança. Ele foi condenado à morte em janeiro.
- Kyaw Min Yu, uma vida de ação -
Kyaw Min Yu, executado aos 53 anos, seguia os passos da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1991, Aung San Suu Kyi.
O ativista tornou-se uma figura da oposição ao regime militar do general Ne Win aos 19 anos, durante o levante de agosto de 1988 que revelou Aung San Suu Kyi ao país.
Como ela, Kyaw Min Yu, chamado de "Jimmy", foi preso quando a junta recuperou o controle do país.
Ele passou quase doze anos na prisão, "sua segunda casa", como costumava dizer.
"O governo quer nos expulsar, mas sempre encontraremos uma maneira de participar da vida política", disse à AFP em 2006, quando organizava uma campanha para militantes pró-democracia e também seguia a carreira de escritor.
Sua esposa, Nilar Thein, é ativista. Poucos meses após o nascimento de sua filha, "Jimmy" voltou à prisão em 2007 após um novo grande movimento de protesto, apelidado de "revolução do açafrão".
Sua esposa foi presa um ano depois. O casal teve que esperar até 2012 para se reencontrar, graças a uma anistia.
Preso em outubro, ele foi condenado à morte por "incitar a rebelião" com suas postagens nas redes sociais.
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* AFP