Dezenas de milhares de rohingyas, refugiados em Bangladesh, protestaram neste domingo (19) para exigir que possam retornar para Mianmar, de onde fugiram da repressão do regime militar.
"Não queremos ficar nesses acampamentos. Ser um refugiado é um inferno. Já chega. Vamos para casa", clamou um de seus líderes, Sayed Ullah, em um discurso.
"Mais de 10.000 rohingyas participaram da concentração, nos campos sob minha jurisdição", disse à AFP o policial Naimul Haque, referindo-se ao maior acampamento de refugiados do mundo, Kutupalong.
De acordo com a polícia e com os organizadores do protesto, mais de mil rohingyas se manifestaram em cada uma destas 29 instalações insalubres, onde estão amontoados em barracas feitas de lona, chapas de metal e bambu.
Em 2017, cerca de 750.000 rohingyas, muçulmanos, fugiram das perseguições do Exército em Mianmar, país de maioria budista, e buscaram asilo no vizinho Bangladesh. Juntaram-se aos mais de 100.000 refugiados já instalados neste país, vítimas de abusos anteriores.
Os rohingyas exigem obter direitos de cidadania antes de voltarem para Mianmar.
Em março, os Estados Unidos reconheceram, pela primeira vez, que os rohingyas foram vítimas de "genocídio", cometido pelo Exército birmanês. Em uma das manifestações, Mohammad Haris disse, neste domingo, que não quer "morrer como refugiado".
"Quero meus direitos. Quero voltar para minha casa, onde posso estudar e pensar no meu futuro", afirmou.
Na semana passada, pela primeira vez em quase três anos, autoridades de Bangladesh e de Mianmar fizeram uma reunião por videoconferência para discutir a questão do repatriamento dos refugiados.
* AFP