As autoridades talibãs informaram, nesta terça-feira (17), que dissolveram a comissão independente de direitos humanos do Afeganistão, por "não considerá-la necessária".
Desde que este grupo islamista de linha-dura voltou ao poder em agosto passado, foram fechados vários organismos de proteção das liberdades dos afegãos, como a Comissão Eleitoral e o Ministério de Assuntos da Mulher.
"Temos algumas outras organizações para realizar atividades relacionadas aos direitos humanos, organizações que estão vinculadas ao Poder Judiciário", disse o porta-voz adjunto do governo, Inamulá Samangani, à AFP, sem dar mais detalhes.
O trabalho da comissão, que incluía a documentação das vítimas civis da guerra de duas décadas no Afeganistão, foi interrompido quando os talibãs derrubaram o governo apoiado pelos Estados Unidos, e seus diretores fugiram do país.
O Conselho de Segurança Nacional e um conselho de reconciliação que promovia a paz também foram fechados no fim de semana, quando o governo anunciou seu primeiro orçamento anual.
"Esses departamentos não são considerados necessários, por isso foram dissolvidos. Mas, no futuro, se forem necessários, suas operações poderão ser retomadas", afirmou Samangani.
Os talibãs enfrentam um déficit financeiro aproximado de 44 bilhões de afeganes (cerca de US$ 500 milhões).
De volta ao poder, inicialmente prometeram um governo mais moderado do que o de seu primeiro regime, de 1996 a 2001. O grupo vem, no entanto, erodindo as liberdades de muitos afegãos, especialmente as mulheres, que enfrentam cada vez mais restrições na educação, no trabalho e no vestir.
* AFP