O político veterano Ranil Wickremesinghe tomou posse nesta quinta-feira (12) como novo primeiro-ministro do Sri Lanka - informaram fontes oficiais, em um momento de profunda crise no país.
Wickremesinghe, de 73 anos, fez o juramento diante do presidente Gotabaya Rajapaksa. Este último enfrenta protestos que exigem sua renúncia, devido ao agravamento da crise econômica nesta ilha de 22 milhões de habitantes.
O Sri Lanka sofre com a escassez de alimentos, de combustíveis e de remédios. A economia ficou à beira do colapso, depois que o país declarou a suspensão dos pagamento de títulos da dívida em abril. As profundas carências de todos os tipos têm provocado manifestações diárias.
O novo primeiro-ministro - que exerceu esse mesmo cargo cinco vezes - terá um trabalho difícil para conseguir que qualquer legislação seja aprovada no Parlamento.
"O gabinete provavelmente será nomeado amanhã", disse à AFP Sudewa Hettiarachchi, porta-voz do presidente.
Na quarta-feira (11), em seu primeiro discurso desde o início da crise, Rajapaksa rejeitou qualquer pedido de renúncia e prometeu que o novo governo terá mais poderes executivos.
"Vou nomear um primeiro-ministro que vai liderar a maioria parlamentar e a confiança do povo", declarou o presidente.
O ex-primeiro-ministro Mahinda Rajapaksa, irmão do presidente, renunciou na segunda-feira (9), depois que seus apoiadores atacaram manifestantes pacíficos. Esse confronto deixou pelo menos nove mortos e mais de 225 feridos, de acordo com a polícia.
Um tribunal de Colombo proibiu que o ex-primeiro-ministro, seu filho Namal e 15 de seus aliados deixem o país durante as investigações do episódio de violência.
Nesta quinta-feira, as autoridades suspenderam o toque de recolher, temporariamente, para permitir que a população se abastecesse de produtos essenciais. A medida foi restabelecida seis horas depois.
Wickremesinghe é visto como um reformista orientado para o Ocidente que pode lidar com as negociações de resgate com o Fundo Monetário Internacional (FMI) com facilidade.
"Sua nomeação como primeiro-ministro e a rápida formação de um governo inclusivo são os primeiros passos para lidar com a crise", comentou a embaixadora dos Estados Unidos no Sri Lanka, Julie Chung, no Twitter.
O principal partido da oposição, SJB, foi inicialmente convidado a dirigir um novo governo, mas seu líder, Sajith Premadasa, insistiu em que o presidente deveria renunciar.
Nos últimos dias, o partido se dividiu, e uma dúzia de parlamentares da oposição se comprometeu a apoiar Wickremesinghe.
* AFP