O papa Francisco, 85 anos, canonizou neste domingo (15) 10 novos santos, incluindo a primeira santa do Uruguai, a religiosa ítalo-uruguaia Francisca Rubatto. A cerimônia foi realizada diante de milhares de pessoas que ficaram reunidas na Praça de São Pedro, no Vaticano, em Roma.
O pontífice argentino, vestido com paramentos sagrados de cor branca permaneceu sentado devido às dores no joelho. O líder religioso pronunciou a frase com a qual proclamou Francisca (1844-1904), que dedicou parte de sua vida a ajudar os pobres de vários países da América do Sul, como santa.
Durante a cerimônia, a primeira em três anos devido à pandemia de covid-19, o papa canonizou outros nove santos. Entre eles, o francês Charles de Foucauld (1858-1916), o jornalista holandês Titus Brandsma — executado no campo de extermínio nazista de Dachau, em 1942 — e Lázaro, um mártir indiano do século 18.
— Estes santos fomentaram o crescimento social e espiritual, enquanto tristemente aumentam as tensões, as guerras e as distâncias no mundo. Que os novos santos inspirem o diálogo e especialmente o coração e a mente dos que têm postos de responsabilidade e são chamados a serem protagonistas da paz e não da guerra — afirmou Francisco ao final do evento.
Durante a missa em latim foi pronunciado o tradicional verso que pede que os 10 candidatos sejam inscritos no chamado Livro dos Santos para que possam ser venerados pela Igreja. Esta é uma das canonizações mais numerosas da história, com a presença de delegações de vários países da Europa, África e América Latina, além de parentes e integrantes de ordens religiosas.
A cerimônia
De acordo com dados divulgados pelo Vaticano, os retratos dos 10 novos santos foram posicionados na fachada da Basílica de São Pedro diante de quase 50 mil peregrinos.
Entre os integrantes das delegações oficiais presentes estavam o presidente da Itália, Sergio Mattarella, o ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, o chanceler da Holanda, Wopke Hoekstra, assim como 50 cardeais e quase 300 padres e bispos.
Considerado o país mais laico da América Latina, o Uruguai tinha uma delegação formada sobretudo por religiosos, incluindo o arcebispo Carlos Collazzi, ex-presidente da Conferência Episcopal uruguaia.
O papa Francisco seguiu de automóvel até uma curta distância do altar e evitou usar a cadeira de rodas. Nos últimos dias ele precisou de uma devido à dificuldade para caminhar.
Grupos de peregrinos usavam lenços com o nome e o rosto dos novos santos.
— Sinto uma grande emoção por estar aqui em Roma, com o papa, e assistir a proclamação da primeira santa uruguaia, que ajudou as crianças e os necessitados, e sobretudo pelo Uruguai — declarou a colombiana Nancy Gómez à AFP.
A canonização de Madre Rubatto, como era chamada, será festejada no Uruguai com uma missa no santuário e e outra cerimônia religiosa acontecerá em 29 de maio na Catedral de Montevidéu. Ela foi proclamada beata pelo papa João Paulo II em 10 de outubro de 1993. No ano de 2020, a Igreja reconheceu sua intervenção em um segundo milagre, o que permitiu alcançar a glória dos altares, como estabelecem as normas do Vaticano.