As autoridades do Quirguistão anunciaram nesta sexta-feira (6) que três de seus cidadãos morreram em uma zona fronteiriça com o Uzbequistão, quando as tropas deste país abriram fogo.
"Foram mortos a tiros", disse o Comitê Nacional para a Segurança em um comunicado, informando que as mortes ocorreram na quinta-feira (5), sem especificar se as vítimas eram civis.
Em um comunicado, os guardas fronteiriços do Uzbequistão explicaram que esses homens tentaram arrancar suas armas e eles "se viram obrigados a usá-las". Os agressores, segundo essas fontes, transportavam "grandes quantidades de mercadorias" em direção ao território uzbeque.
"Os três ficaram feridos e seus cúmplices os carregaram de volta para o território do Quirguistão", disseram.
Trata-se do incidente mais importante nesta zona em vários anos, o que levou aos titulares das Relações Exteriores de ambos países a conversar nesta sexta-feira (6) e destacar sua intenção de seguirem cooperando e "evitar consequências negativas" nessa fronteira, segundo o ministério uzbeque.
Esta região fronteiriça, que os dois países disputam, é uma zona de contrabando, onde também são registrados enfrentamentos entre comunidades locais pelas áreas de pasto ou pelos recursos aquíferos.
As relações entre os dois países, complicadas há algum tempo, melhoraram ligeiramente após a morte do ex-presidente uzbeque Islam Karimov em 2016. Os dois países firmaram um acordo sobre compartilhamento de terras no ano passado.
Mas o acordo ainda não foi ratificado, já que o Quirguistão não está satisfeito com um dos seus pontos que concede ao Uzbequistão o direito de uso de uma represa localizada naquele país.
As disputas são permanentes desde o fim da União Soviética entre algumas antigas repúblicas, já que os países se baseiam em mapas soviéticos para delimitarem seus territórios.
Neste momento, o conflito mais complicado na Ásia Central é o da fronteira entre Quirguistão e Tadjiquistão, onde dezenas de pessoas perderam a vida desde o ano passado em enfrentamentos militares.
* AFP