O Tribunal Supremo do Paquistão começou a analisar, nesta segunda-feira (4), os argumentos sobre a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas, uma estratégia que permitiu ao primeiro-ministro, Imran Khan, evitar o voto de uma moção de censura contra seu governo.
Sem decisão, o principal tribunal do Paquistão adiou para terça-feira a análise dos pedidos apresentados pela oposição e pelo governo sobre a legalidade da rejeição do vice-presidente da Assembleia Nacional de submeter a moção de censura de domingo ao voto.
A oposição queria remover Khan do cargo e tomar o poder no domingo, depois de reunir os votos suficientes para acabar com a maioria parlamentar do ex-astro do críquete. No entanto, os planos fracassaram quando o vice-presidente da Assembleia Nacional, Qasim Suri - leal a Khan - se recusou a organizar a votação, alegando "interferência estrangeira".
Minutos depois, o primeiro-ministro fez um pronunciamento na televisão para pedir a dissolução da instituição e convocar eleições antecipadas.
Tanto a oposição quanto o governo recorreram ao Tribunal Supremo para que se pronuncie sobre a legalidade do processo.
Em teoria, o Tribunal Supremo é independente. Porém, muitas vezes foi acusado de obedecer às ordens dos governos civis ou militares.
Segundo a Constituição, um chefe de Governo não pode pedir a dissolução da Assembleia quando enfrenta uma moção de censura.
Khan, de 69 anos, enfrenta a crise política mais grave desde que chegou ao poder em 2018, em meio a uma inflação descontrolada, com a rúpia paquistanesa desvalorizada e uma dívida esmagadora.
Desde sua independência em 1947, o Paquistão teve quatro golpes de Estado militares e passou mais de três décadas governado pelo exército.
Nenhum primeiro-ministro do Paquistão completou seu mandato.
* AFP