O governo britânico recuou, nesta sexta-feira (1º), e garantiu que proibirá as terapias de conversão que buscam mudar a orientação sexual dos homossexuais, após provocar uma enxurrada de reações indignadas ao anunciar que estava abandonando o projeto.
O Executivo do primeiro-ministro conservador Boris Johnson havia dito, em outubro passado, que criaria uma infração penal para proibir estas práticas.
O projeto de lei deveria tipicar como crime, passível de receber até cinco anos de prisão, a aplicação destas práticas a menores de 18 anos, em qualquer situação, e a adultos que não tenham consentido em participar, de sua livre e espontânea vontade, ou que não tenham sido plenamente informados das possíveis consequências.
Ontem (31), um porta-voz do governo declarou que os ministros estavam considerando, no fim das contas, adotar medidas "não legislativas" para combater estas terapias.
O anúncio gerou tanta comoção - com ativistas e políticos de todos os lados denunciando o abandono do projeto legislativo - que o premiê Boris Johnson "mudou de ideia" algumas horas depois, conforme declaração de uma fonte do governo citada pela agência de notícias britânica PA.
De acordo com a mesma fonte, a proibição será levada adiante, mas apenas no caso das terapias de conversão por orientação sexual. Não incluirá, portanto, aquelas baseadas na identidade de gênero, as quais se destinam a fazer pessoas trans desistirem de mudar sua identidade.
"A única consequência que isso terá é que os mais vulneráveis continuarão sendo os mais desprotegidos. As pessoas trans têm duas vezes mais chances de serem submetidas a uma terapia de conversão", denunciou no Twitter Jayne Ozanne, lésbica e importante figura da Igreja da Inglaterra, que faz campanha contra essas terapias desde 2015.
Segundo dados do governo, uma terapia de conversão foi proposta a 5% das pessoas LGBTQIA+ no Reino Unido, e 2% passaram por ela. As associações denunciam, porém, que estes números não são representativos da realidade.
* AFP