Uma empresa dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (18) que vai recorrer da decisão judicial que a obriga a indenizar com US$ 450 mil um funcionário, que foi demitido após sofrer um ataque de pânico por causa de uma festa de aniversário surpresa, realizada contra sua vontade.
Kevin Berling, que afirma sofrer de ansiedade, havia advertido a seus superiores na companhia Gravity Diagnostics que não desejava comemorar seu aniversário, explicando que data trazia lembranças ruins relacionadas com o divórcio de seus pais, segundo documentos judiciais.
No entanto, em um dia em agosto de 2019, durante a pausa para o almoço, Berling foi surpreendido com os cumprimentos de "feliz aniversário" de muitos colegas e um cartaz alusivo à ocasião na sala de descanso da empresa, situada no estado de Kentucky, no centro-leste do país.
Em seguida, o funcionário se dirigiu a seu automóvel, onde, segundo afirmou, sofreu um ataque de pânico.
No dia seguinte, durante uma reunião com sua chefe e outro colega para falar do que havia ocorrido, Berling "agrediu ambos verbalmente, cerrando os punhos e os dentes, com o rosto vermelho e tremendo", pedindo à mulher que "se calasse", contou John Maley, advogado da Gravity Diagnostics, em um e-mail enviado à AFP.
A supervisora e o outro funcionário presente "temeram por sua segurança", acrescentou Maley, o que fez com que a empresa demitisse Berling.
Antes desse incidente, o funcionário nunca havia sofrido punições ou advertências por seu comportamento.
Para anular sua demissão, Berling processou a Gravity Diagnostics por "discriminação por motivos de incapacidade", obtendo, no fim de março, uma ordem de indenização de US$ 150 mil pela perda de rendimentos e de US$ 300 mil pela humilhação, a perda de autoestima e o sofrimento causado.
A companhia, que nega qualquer discriminação e alega que não foi informada sobre os problemas de ansiedade do funcionário, entrará com um recurso de apelação, explicou Maley.
"Os empregadores, particularmente neste momento de violência nos locais de trabalho, têm o direito e devem tomar medidas imediatas, como neste caso, para proteger seus funcionários", afirmou o advogado da companhia.