Um alto funcionário de Xangai reconheceu, nesta quinta-feira (31), que a capital econômica chinesa está "insuficientemente preparada" para o atual surto epidêmico de covid-19, que obriga a cidade confinar, por fases, os seus 25 milhões de habitantes.
A metrópole enfrenta a pior onda de contaminação desde o início da epidemia.
A variante ômicron põe à prova a estratégia nacional de "covid zero", que visa fazer tudo o que é possível para prevenir novos casos.
Os habitantes da parte leste de Xangai estão confinados em suas casas desde segunda-feira (28) e são submetidos a testes em massa de detecção do vírus.
Esse confinamento vai durar até esta sexta-feira (01), data na qual a parte oeste vai passar pelo mesmo processo.
A notícia havia sido anunciada no último momento, domingo à noite, provocando uma afluência de moradores às lojas para estocar produtos alimentícios. Com a demanda, o preço dos vegetais saltou esta semana.
Apesar da logística de confinamento funcionar bem, em geral, os habitantes de Xangai se queixam de que não podem acessar os hospitais por falta de autorização para deixar seu domicílio ou por não ter um teste negativo.
Ao menos dois pacientes que necessitavam de hemodiálise e uma pessoa com asma teriam morrido, segundo mensagens de familiares publicadas nas redes sociais.
Frente ao descontentamento, um alto responsável da prefeitura, Ma Chunlei, reconheceu, nesta quinta-feira (31), em um comunicado oficial, que, "diante do forte aumento do número de pessoas infectadas, nossa preparação é insuficiente".
Disse que as autoridades estavam reforçando seus estoques de equipamento de detecção, construindo centros de quarentena e instalando leitos. "Aceitamos com humildade as críticas e fazemos tudo que é possível para melhorar", afirmou.
O Ministério da Saúde informou, nesta quinta, sobre 5.600 novos casos positivos em Xangai, a grande maioria deles assintomáticos.
Vários parques de exposições da cidade foram transformados em centros de quarentena. Os vídeos difundidos pelos meios oficiais mostram grandes salas com filas de camas separadas por divisórias.
No oeste de Xangai, o confinamento geral começará na sexta. Mas a residência de Dong Jun, morador desta parte da cidade, foi confinada na quarta-feira após a descoberta de um caso.
"Adquiri o hábito de encher constantemente minha geladeira desde os confinamentos anteriores. Mas ainda fiquei surpreso quando acordei ao saber que o confinamento havia sido decidido", explica à AFP.
Esta noite, poucas horas antes do início do bloqueio de Puxi, as ruas estavam tranquilas, poucos carros circulavam e muitos restaurantes e lojas já estavam fechados.
Ao mesmo tempo, enquanto os moradores do leste de Xangai se preparavam para deixar suas casas livremente, as autoridades anunciaram que os prédios nos quais fossem detectados casos positivos estariam sujeitos a mais dez dias de confinamento.
As rígidas medidas adotadas pela China desde o início da crise sanitária permitiram que a maioria dos chineses vivesse quase normalmente desde a primavera de 2020.
O ministro da Saúde apelou na quarta-feira à continuação desta estratégia, porque mesmo uma baixa taxa de mortalidade levaria, segundo ele, a muitas mortes entre a população chinesa (1,4 bilhão de habitantes).
"Nenhum país tem um sistema de saúde capaz de lidar com esses números", disse Ma Xiaowei para apoiar seu ponto de vista.
* AFP