A votação da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que começou a apreciar nesta quarta-feira (23), em nova sessão extraordinária, um projeto de resolução no qual pede o "cessar imediato" das hostilidades e a retirada das forças russas da Ucrânia, foi adiada para a quinta-feira (24).
— Se votam a favor desta resolução, estão votando pelo fim da guerra — disse a embaixadora americana Linda Thomas-Greenflield no púlpito da Assembleia Geral.
Apresentado pela Ucrânia, mas promovido por México e França, o projeto, intitulado "consequências humanitárias da agressão", pede "o cessar imediato das hostilidades" geradas pela invasão russa e a "retirada imediata, completa e incondicional" das forças armadas da Rússia de território ucraniano.
Pedem, ainda, o cessar da violência contra civis e insiste em que deixem de ser sitiadas cidades como Mariupol, que "não fazem mais do que agravar a situação humanitária da população e obstaculizar os esforços de evacuação".
O projeto atual da Ucrânia tem a oposição da Rússia e de vários de seus aliados, que não querem que o nome do país apareça no texto, alegando que isso o "politiza".
Paralelamente à reunião da Assembleia, o Conselho de Segurança rejeitou, em outra votação, uma resolução apresentada pela Rússia também sobre a situação humanitária na Ucrânia, na qual não se fez menção a seu papel no conflito nem se pediu o cessar imediato das hostilidades. Com dois votos a favor, da China e da Rússia, e 13 abstenções, o projeto russo, cuja votação havia sido adiada várias vezes na semana passada, não foi aprovado, pois, sem vetos, precisava de nove votos favoráveis para sua aprovação.
A África do Sul apresentou outro projeto paralelo, no qual a Rússia não é mencionada.
— A assistência humanitária não pode ser refém de considerações políticas — disse o embaixador do México, Juan Ramón de la Fuente, que sustentou que esta iniciativa da comunidade internacional "é o mínimo que merece o povo ucraniano". — A resposta deve estar à altura das necessidades.
Se a resolução franco-mexicana, que tem cerca de 90 copatrocinadores, for aprovada, seria a segunda em menos de um mês.
Em 2 de março, em uma decisão histórica, 141 países votaram a favor de outra resolução de condenação à invasão russa, contra 35 abstenções (entre elas China, Cuba, Nicarágua, El Salvador, Bolívia, Índia, Irã, Iraque, Cazaquistão e Paquistão) e cinco votos contra (Coreia do Norte, Síria, Belarus, Eritreia e a própria Rússia).