Milhares de pessoas manifestaram-se pacificamente nesta terça-feira (29) na capital haitiana contra o recrudescimento dos sequestros e contra o primeiro-ministro, ao qual denunciam como incompetente para garantir a segurança da população frente aos grupos criminosos.
"Muitas pessoas na comunidade haitiana são vítimas da irresponsabilidade do Estado", lamentou Robens Dorvil, participante da manifestação.
"Estamos cansados de levar tiros, de ser sequestrados: estamos pedindo ao senhor Ariel Henry, como demonstrou que é incapaz, a deixar o poder", assegurou o manifestante ao exigir a renúncia do primeiro-ministro.
O Haiti está há meses sob domínio de gangues, cujo controle se expandiu muito além dos bairros desfavorecidos de Porto Príncipe.
"Segundo os alertas que recebemos, dizemos que entre cinco e dez pessoas são sequestradas todos os dias, com picos que às vezes chegam a 20 por dia", afirmou Marie-Rosy Auguste Ducéna, ativista da Rede Nacional para a Defesa dos Direitos Humanos.
"O departamento Oeste (onde fica a capital, Porto Príncipe) se tornou um labirinto de criminalidade", lamentou a advogada.
Exigindo resgates de milhares de dólares e inclusive centenas de milhares de familiares de suas vítimas, inclusive os mais pobres, gangues armadas impuseram um clima de terror na principal cidade do Haiti, onde as ruas estão desertas assim que a noite cai.
Os cidadãos são obrigados a se virar sozinhos, pois há denúncias de que os sequestros são cometidos por pessoas que vestem uniformes da Polícia Nacional do Haiti.
* AFP