O primeiro avião enviado pelo governo federal para resgatar brasileiros e estrangeiros que deixaram a Ucrânia em razão da guerra decolou por volta das 15h15min desta segunda-feira (7) da base aérea de Brasília. A aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) irá buscar um grupo de 40 brasileiros, 23 ucranianos, um polonês e seis cães de estimação que estão em Varsóvia, capital da Polônia.
Na viagem de ida, o avião, um KC-390 Millennium, jato militar de 35 metros de comprimento e de envergadura, foi carregado com ajuda humanitária após pedido da Ucrânia, segundo o governo brasileiro. São 11,6 toneladas de medicamentos, insumos médicos, alimentos e purificadores de água que serão deixados em Varsóvia e, posteriormente, levados para território ucraniano.
Estão sendo enviados 50 purificadores de água com capacidade para purificar 300 mil litros de água por dia, cerca de nove toneladas de alimentos desidratados, o que corresponde a 350 mil refeições, e meia tonelada de insumos essenciais e itens médicos.
Integrantes do Itamaraty e um médico enviado pelo Ministério da Saúde também embarcaram na aeronave para auxiliar os brasileiros que estão em áreas de conflito. A previsão de chegada em Varsóvia é para a quarta-feira (9) — antes, estão previstas paradas técnicas em Recife, Cabo Verde e Lisboa. O retorno ao Brasil será na quinta (10).
Como a aeronave possui capacidade para 70 passageiros, mais pessoas poderão embarcar na Polônia rumo ao Brasil. A tripulação conta com 15 oficiais da Aeronáutica.
Uma cerimônia na base aérea, realizada antes da decolagem, contou com a presença dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, da Defesa, Braga Netto, da Saúde, Marcelo Queiroga, e o interino das Relações Exteriores, embaixador Fernando Simas Magalhães — o titular da pasta, chanceler Carlos França, está em viagem a Portugal.
— A comunidade internacional sempre contou e poderá contar com o espírito acolhedor do povo brasileiro — disse Braga Netto.
A operação, denominada de Repatriação, é realizada no 12º dia após a invasão russa em território ucraniano. Em um primeiro momento, o Ministério das Relações Exteriores recomendou que os brasileiros na Ucrânia deixassem o país por meios próprios ou de trem, mas sem garantir segurança ao grupo. Na última semana de fevereiro, representantes do Itamaraty, em uma coletiva de imprensa, descartaram o envio de um avião da FAB para resgate, alegando fechamento do espaço aéreo ucraniano.
A embaixada do Brasil em Kiev começou a enviar recomendações aos brasileiros que quisessem deixar o país, como, por exemplo, a lista com os horários de trens partindo para as fronteiras, principalmente com a Polônia — muitos deixaram a Ucrânia pelo transporte.
O posicionamento do governo federal mudou quando o ministro Carlos França enviou um comunicado para embaixadas brasileiras em países da Europa citando o agravamento dos conflitos na Ucrânia.
Dois postos de atendimento consular foram abertos pelo Itamaraty na cidade ucraniana de Lviv, próxima à fronteira com a Polônia, destino de muitos brasileiros que tentam sair do país, e em Chisinau, capital da Moldávia, para ajudar os grupos que estão saindo da Ucrânia pela Romênia.
