O debate previsto para este domingo (6) na cúpula da União Africana (UA) sobre o status de Israel nesta organização foi "suspenso" e em seu lugar será criado um comitê sobre este assunto polêmico para os 55 Estados-membros, informaram fontes diplomáticas.
"A questão de Israel foi suspensa até o momento e em seu lugar será instalado um comitê para analisar a situação", declarou um dos diplomatas, entrevistado pela AFP, que participa na cúpula que termina este domingo na capital etíope Adis Abeba.
Isso evita um possível voto sobre a decisão controversa em julho do presidente da Comissão da União Africana, Musa Faki Mahamat, de conceder a Israel um status de observador.
Segundo analistas, esse voto teria provocado uma divisão sem precedentes na história da UA, que celebra seus 20 anos.
No sábado, em um discurso, o primeiro-ministro palestino Mohammed Shtayyeh pediu para retirar essa credencial definida em julho para Israel.
"Israel nunca deveria ser recompensado por suas violações e pelo regime de apartheid que impõe ao povo palestino", disse então Shtayyeh, retomando uma fórmula do relatório da Anistia Internacional publicado esta semana.
Pouco antes, em seu discurso, Faki disse que o compromisso da UA com a busca palestina por independência "não mudou e só pode continuar aumentando", mas pediu um "debate sereno".
Depois o presidente da Comissão da UA defendeu sua decisão e disse que o status de Israel pode constituir "um instrumento ao serviço da paz".
Os líderes africanos reunidos na cúpula da UA também condenaram "inequivocamente" a "onda" de golpes de Estado no continente, declarou neste domingo o comissário de Assuntos Políticos, Paz e Segurança da organização.
"Todos os líderes africanos da assembleia condenaram inequivocamente o padrão, o ressurgimento, o ciclo, a onda de mudanças inconstitucionais de governo", disse Bankole Adeoye em coletiva de imprensa durante a cúpula da UA, que termina neste domingo à noite.
A UA "não vai tolerar nenhum golpe militar em nenhuma de suas formas", acrescentou, lembrando que os países que sofreram golpes de Estado foram suspensos pelo Conselho de Paz e Segurança da UA.
"Em nenhum momento da história da União Africana tivemos quatro países em um ano natural, em 12 meses, suspensos: Mali, Guiné, Sudão e Burkina Faso", acrescentou.
* AFP