A Ucrânia declarou Estado de Emergência e começou a mobilizar reservistas nesta quarta-feira, pedindo a seus cidadãos que deixem imediatamente a Rússia por causa de uma crescente ameaça de guerra. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vinha adiando a mobilização de tropas e outras medidas emergenciais, temendo que o pânico pudesse causar mais danos à economia.
Porém, em um discurso televisionado nesta terça-feira (22), em Kiev, ele disse que as ameaças russas à soberania da Ucrânia o estavam forçando a chamar reservistas para o serviço ativo e a mobilizar membros das recém-criadas brigadas de defesa territorial para exercícios.
Zelensky disse que a Ucrânia não realizará uma mobilização geral de civis, instando-os a continuar a vida normal.
— Estamos certos de nós mesmos, estamos certos em nosso país, estamos certos de nossa vitória — disse. — Estamos aqui para superar, não para chorar — acrescentou.
O conselheiro de segurança nacional de Zelensky, Oleksiy Danilov, informou que a convocação de reservistas envolveria inicialmente 36 mil militares com experiência em combate. Os militares permanentes do país somam cerca de 200 mil soldados uniformizados.
A Rússia reuniu cerca de 190 mil soldados ao longo das fronteiras com a Ucrânia. O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu, no início desta semana, a independência Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia.
Ajuda militar do Reino Unido
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou, nesta quarta-feira, que o Reino Unido enviará ajuda militar à Ucrânia no futuro próximo, em meio ao "crescente comportamento ameaçador da Rússia". Durante sessão no Parlamento britânico, o premiê explicou que o apoio incluirá armas de defesa letais.
Johnson respondeu a críticas da oposição de que o governo estaria fazendo pouco para confrontar Moscou. Segundo ele, o país foi o primeiro a alertar ao mundo sobre as atividades russa na fronteira com o território vizinho e assegurou a união do Ocidente no tema.
— Nenhum país fez tanto quanto o nosso — disse.
O líder britânico destacou as sanções econômicas contra a Rússia anunciadas na terça-feira. De acordo com ele, as potencias ocidentais podem impedir empresas russas de compensarem transações em libras e em dólares. A próxima rodada de sanções, disse ele, devem barrar negócios de oligarcas russos em Londres.
"Estamos preparando ainda mais (sanções) — ressaltou.
Johnson acrescentou que as punições devem mirar também em integrantes da Câmara Baixa do Congresso russo, a Duma, que votaram em favor do reconhecimento de Donetsk e Luhansk, no Leste da Ucrânia, como repúblicas independentes.
Sanções "no armário"
A secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, defendeu a velocidade e escala mais contidas das sanções que Londres está impondo à Rússia, ao dizer que o governo britânico está reservando medidas mais agressivas para usar no caso de uma invasão em larga escala da Ucrânia por forças russas.
Em entrevista à Sky News, Truss disse que os países ocidentais querem manter algumas sanções "no armário" para deter as ambições do presidente russo, Vladimir Putin. Autoridades britânicas já disseram que estão tentando verificar movimentos de tropas antes de decidir como proceder.
— Já ouvimos do próprio Putin que ele está enviando tropas para o leste da Ucrânia — disse Truss à Sky. — Ainda não temos as provas cabais de que isso aconteceu. O que estamos esperando é uma invasão total, incluindo possivelmente de Kiev.
Os comentários de Truss vieram à medida que ela defendeu a decisão do governo de impor sanções a apenas cinco bancos e três indivíduos de alto patrimônio da Rússia, após Moscou reconhecer a independência de duas repúblicas separatistas no leste da Ucrânia e autorizar o envio de tropas para a região.
Líderes da oposição britânica e especialistas em defesa criticaram o governo do Reino Unido por não impor sanções mais duras, principalmente depois de EUA e União Europeia adotarem postura mais severa contra a Rússia.
Pacote econômico
O Reino Unido está pronto para garantir até US$ 500 milhões em empréstimos para apoiar a Ucrânia e mitigar os efeitos econômicos de uma agressão da Rússia, segundo afirmou hoje a Secretaria de Relações Exteriores britânica.
"Após o anúncio do primeiro-ministro Boris Johnson ontem, o Reino Unido está pronto para oferecer garantias de empréstimos do Banco Multilateral de Desenvolvimento (MDB, na sigla em inglês) para projetos que apoiarão a estabilidade econômica e reformas vitais, como o combate à corrupção", informou o governo do país, em comunicado.
A secretária de Relações Exteriores, Liz Truss, disse que o Reino Unido está "pronto para oferecer suporte econômico direto, prover armamento defensivo e expor tentativas russas de fabricar falsos pretextos para uma invasão".